Região Portuária seguirá trajetória de valorização da Barra, acredita vice-presidente do Secovi Rio

em Diário do Rio, 25/junho

Mais de 17 empreendimentos residenciais foram lançados na região, totalizando mais de 9 mil unidades. A estimativa é de aumento de 90% na população local.

A transformação da Zona Portuária do Rio em novo polo imobiliário da cidade não é mais uma aposta, já é um processo em curso. Quem afirma é Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi Rio, em um artigo publicado pelo portal Metro Quadrado. Segundo ele, “quem viveu o salto patrimonial dos terrenos da Barra da Tijuca pode se preparar para o que vai acontecer com a região do Porto”. O Secovi Rio, sindicato patronal que, desde 1942, representa legalmente condomínios, administradoras, imobiliárias e incorporadoras do município, acompanha de perto as transformações da região, que já foi apontada pela prefeitura como a área com o maior potencial construtivo da cidade — ultrapassando, inclusive, o da Barra.

No texto, Schneider traça um paralelo entre os dois territórios, separados por décadas e por perfis urbanos completamente distintos, mas com trajetórias que começam a convergir. A Barra, lembra ele, era até meados do século XX “um vasto brejo, de difícil acesso e pouca ocupação urbana”. Tudo começou a mudar com o plano urbanístico de Lúcio Costa, que idealizou a região como uma espécie de “Miami brasileira”, com largas avenidas, condomínios horizontais e uma integração entre natureza e urbanização.

Com marcos como o Barra Shopping, a construção de vias como a Autoestrada Lagoa-Barra e a Linha Amarela, a região viu uma explosão populacional — de 24 mil habitantes em 1980 para mais de 394 mil em 2020. “Esse movimento gerou enorme valorização patrimonial para aqueles que acreditaram no potencial da região décadas atrás”, destaca.

A leitura de Schneider é que a Zona Portuária vive hoje um momento semelhante, ancorado em grandes projetos de infraestrutura e políticas públicas voltadas à reocupação do Centro. Ele cita o Porto Maravilha — com obras como os túneis da Via Expressa, o Museu do Amanhã e o Boulevard Olímpico — como vetor inicial desse novo ciclo. E reforça: “Hoje, o Rio de Janeiro vive um novo ciclo transformador, desta vez voltado à região central da cidade — mais especificamente à zona portuária e ao Centro Histórico”.

Desde 2021, mais de 17 empreendimentos residenciais foram lançados na região, totalizando cerca de 9.100 unidades. A estimativa é de aumento de 90% na população local, com mais de 27 mil novos moradores. Em 2023, o Porto Maravilha respondeu por 42% dos lançamentos verticais da cidade, superando até mesmo a Barra.

Outro motor dessa virada, segundo Schneider, é a chegada do polo tecnológico Porto Maravalley, que abriga o IMPA Tech e tem atraído jovens talentos, startups e investidores. “A região está se posicionando como um novo polo de inovação, ciência e moradia”, afirma.

O projeto Reviver Centro, criado pela Lei Complementar nº 229/2021, também tem acelerado a ocupação residencial no coração da cidade. Com incentivos fiscais como isenção de IPTU, ITBI e ISS, além de programas de locação social e moradia assistida, a iniciativa já atraiu 47 projetos residenciais e mais de 2.800 unidades aprovadas ou licenciadas. “Mais da metade dessas unidades foram adquiridas por famílias com renda de até 10 salários mínimos, e 35% por investidores — um indicativo claro do interesse do mercado em apostar no renascimento do Centro”, analisa.

Para Schneider, esse novo ciclo de valorização urbana é mais do que uma tendência. É uma lógica natural do desenvolvimento das grandes cidades. “O tempo, por sua vez, é o grande aliado do investidor paciente. As cidades crescem, a população aumenta, e a demanda por moradia e infraestrutura não recua. O solo urbano é finito — e por isso, cada metro quadrado bem escolhido é uma oportunidade de gerar valor.”


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