Inteligência Artificial: um novo conceito no mercado imobiliário

em Folha de Pernambuco, 20/março

Presente em cada vez mais áreas, quem usufrui da tecnologia acaba desbancando concorrentes.

A Inteligência Artificial (IA) é um dos fenômenos que cada vez mais se faz presente em todas áreas, sejam elas profissionais ou sociais. E, em um setor tão acirrado como o imobiliário, estar por dentro das tendências é fundamental para alavancar os ganhos da sua empresa e se destacar entre os concorrentes, principalmente quando o viés em questão é a tecnologia.

Na Cúpula Mundial de Governos, realizada em fevereiro deste ano, em Dubai, Jensen Huang, CEO da Nvidia, uma das maiores empresas de tecnologia incorporada, pontuou que o avanço da inteligência artificial possibilitará que profissionais de diversas áreas utilizem a ciência da computação para aumentar a eficiência em seus campos de atuação.

IA rodeando o mercado de imóveis

Uma pesquisa realizada em 2023 pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) e produzida pela Brain Inteligência Estratégica revelou que 19% das empresas do setor de imóveis já utilizaram alguma ferramenta de IA e e 83% consideram positivo o impacto desse tipo de ferramenta nos negócios.
A inserção dessa tecnologia trouxe uma série de inovações que estão mudando a forma como as pessoas compram, vendem e investem em imóveis.

Há cerca de três anos, o setor imobiliário começou a adotar intensivamente a inteligência artificial em resposta à pandemia. A princípio, a incorporação se deu pela ferramenta de chatbots, onde os clientes que procuravam atendimento recebiam respostas rápidas e precisas a uma ampla gama de perguntas.

Em seguida, diversas outras ferramentas surgiram para facilitar a análise dos dados de demanda por imóveis, permitindo uma segmentação mais precisa na escolha dos clientes.

“Agora, é possível personalizar a oferta de imóveis, sejam eles na planta ou já entregues, de acordo com o perfil de cada cliente. Em apenas 15 minutos, é possível adaptar a mobília de vários apartamentos para atender às preferências individuais. Isso proporciona aos compradores um maior poder de escolha e oferece apoio tanto para aqueles que estão comprando quanto para os que estão alugando imóveis”, explicou o presidente da Associação Brasileira do Mercado Imobiliário (ABMI), Ricardo Abreu.

A análise de dados proporcionada pelo uso da inteligência artificial permite uma administração mais eficiente das empresas, assim tanto os compradores quanto os vendedores são beneficiados, pois as ofertas de imóveis se tornam mais assertivas, poupando tempo e minimizando erros.

“A aceitação dessa tecnologia tem sido boa. As empresas que já aderiram estão focadas em treinar suas equipes para que se familiarizem com essas novas ferramentas. O objetivo não é substituir funcionários, mas sim capacitá-los para entender a importância e o uso da IA, pois a tendência é que todas as empresas se adaptem a esse novo cenário”, acrescentou Abreu.

O uso da IA na prática

Assim como no passado houve resistência à adoção de computadores, internet e redes sociais por parte de algumas empresas, também acontece atualmente com o surgimento de novas tecnologias.
Aquelas que ainda se contrapõem aos novos avanços, acabam perdendo tempo e, mais à frente, eventualmente cedendo, caso queira, ainda, ser páreo no mercado. Se tratando do uso da IA, a utilização no setor imobiliário é uma tendência irreversível.

Embora muitas empresas ainda enxerguem a IA como um serviço dispensável, as grandes corporações estão começando a adotá-la e visualizando o quanto essa tecnologia está transformando a maneira como o setor imobiliário opera, fazendo com que aqueles que não se adaptarem, corram o risco de ficar para trás.

“Pensamos na IA como uma excelente ferramenta para ajudar corretores e imobiliárias no processo de busca de imóveis para compra ou aluguel. Trabalhos repetitivos e automatizáveis podem ser feitos de forma mais rápida e eficiente com seu apoio, deixando os profissionais do mercado imobiliário focados naquilo que sabem fazer melhor que é se relacionar e negociar com seus clientes”, explicou o diretor da Imobiliária Muck, Vicente Engel.

Sobre outros serviços que são otimizados na Muck a partir da IA, Engel frisou que o uso de Large Language Models (LLMs), modelos de aprendizado de máquina que usam algoritmos de aprendizado profundo para processar e entender a linguagem natural, permitem entender o interesse de compra ou aluguel dos clientes de uma forma simples a mais fluída.

“O uso dessa inteligência propicia a busca de imóveis e ordenamento do resultado utilizando critérios que vão muito além de valor, número de quartos e área do imóvel. A busca do imóvel se torna muito mais personalizada e adaptada à necessidade do cliente, como por exemplo, gosto pessoal e necessidades externas”, pontuou.

“Claro que entendemos que os clientes são muito diferentes entre si e temos que estar disponíveis para atender da melhor forma para cada um. Não é todo cliente que gosta de ser atendido de forma automatizada e estamos disponíveis para o atendimento humano sempre que ele quiser”, completou Engel.

Custo x necessidade

Como esperado, os custos para quem adquire as ferramentas de IA para suas empresas de imóveis não são tão baixos, ou pelo menos de alguns comandos.

“Os valores das ferramentas de IA ainda são elevados e devem ser levados em consideração no momento da implantação destas tecnologias. Outro desafio é a priorização daquilo que é mais importante, pois a inteligência artificial pode ser utilizada em diversas áreas da operação imobiliária, mas ela não é um remédio único e infalível para todos os problemas, as empresas devem focar naquilo que trazem melhor resultado e melhoria real na experiência dos clientes”, comentou o diretor da Imobiliária Muck.

Por hora, as grandes empresas de imóveis estão aderindo à tecnologia, mas, muito em breve, haverá uma democratização da IA no setor. Sendo assim, é crucial que as empresas concentrem esforços em capacitar seus colaboradores e se preparar para o futuro, que é inevitavelmente guiado pela inteligência artificial.


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