Lobie: conheça startup carioca que transforma hotéis em residenciais

em IstoÉ Dinheiro, 4/setembro

Startup carioca investe pesado em imóveis compactos e novos formatos de empreendimentos para expandir o mercado com moradia por assinatura ou locação de diária.

O mercado imobiliário da capital fluminense tem vivido uma transformação sem precedentes nos últimos anos. Desde os luxuosos apartamentos em novas áreas na Barra da Tijuca até os degradados edifícios do centro da cidade, o setor experimenta uma corrida de grandes projetos e investimentos substanciais. A startup Lobie é um exemplo claro dessa movimentação. Sob o comando do CEO Ernesto Otero e do sócio-fundador Victor Tulli, a empresa, que nasceu em 2021, está transformando a Cidade Maravilhosa em um verdadeiro canteiro de obras. Com a previsão de entregar 4.073 unidades este ano, as vendas devem alcançar R$ 1,9 bilhão, abrangendo as regiões da Zona Sul, Centro e Niterói. “O Rio tem uma imensa demanda por imóveis de qualidade, que durante muitos anos, principalmente após as Olimpíadas de 2016, desapareceram”, afirmou Otero.

Essa demanda reprimida está evidente no ritmo de vendas dos empreendimentos da Lobie. Com capital do fundo Opportunity Imobiliário, um dos projetos recém-lançados, o Casa Mauá — antigo Hotel São Francisco e o primeiro lançamento “pronto para morar” da empresa — teve 95% de suas unidades vendidas em apenas seis horas. Localizado no endereço do antigo Hotel São Francisco, próximo à Avenida Rio Branco e a poucos quarteirões do Boulevard Olímpico, os contratos assinados geraram R$ 55 milhões, com apartamentos vendidos a cerca de R$ 11,5 mil por metro quadrado.

Outra fonte de bons negócios para a empresa é a administração de condo-hotéis, que atraem investidores em busca da segurança e rentabilidade de locação de apartamentos. Como o Rio possui um excesso de hotéis (passando de 10 mil quartos, em 2010, para 60 mil quartos, em 2020) e uma quantidade insuficiente de imóveis residenciais, o plano é reequilibrar essa balança.

O atual Lobie Privilège Botafogo, por exemplo, após cinco anos de prejuízos como Hotel Mercure, foi transformado em residencial com serviços pela Lobie. Hoje, registra 80% de ocupação com diárias a partir de R$ 280 e mensalidades de R$ 5,8 mil. Para os investidores, o rendimento é de 13,56% ao ano.

A empresa já transformou oito hotéis em residenciais com serviços no Rio, sendo a maioria na Zona Sul, além da Barra, totalizando mais de 770 unidades em operação por temporada. “Estamos ajudando a criar novos conceitos de moradia e de investimentos na cidade, tanto para quem busca a flexibilidade de um apartamento com tudo incluso quanto para aqueles que veem no crescente mercado imobiliário do Rio de Janeiro uma alternativa de rentabilidade”, afirmou Tulli.

Devido à experiência do grupo com administração imobiliária, a Lobie tem atraído incorporadoras e construtoras interessadas em projetos com esse perfil. Entre elas está a Calçada, que lançou o ON Life Flamengo, um residencial do zero que terá a consultoria e a gestão da Lobie em todo o empreendimento. Além do Casa Mauá e do Lobie Botafogo, a empresa tem diversos outros projetos no pipeline. No centro da cidade, há o Sal Rio Residencial, que vendeu em julho deste ano mais de 90% das 186 unidades em cinco horas. O Bueno, da Construtora Calçada, teve 100% das 112 unidades vendidas em quatro horas no lançamento. Já o Dias, empreendimento da construtora Safira com 92 unidades, será lançado nas próximas semanas já pronto.

Na Zona Sul, está o Be.in.Rio Leopoldo (Opportunity Imobiliário e do Brix Fundo de Investimento Imobiliário), que teve 100% das 25 unidades vendidas em seis horas. Já na Barra da Tijuca, um dos mais icônicos prédios da capital fluminense, projetado por Oscar Niemeyer, se destaca o Niemeyer 360º Residences, com 448 unidades.

Na vizinha Niterói, a Lobie possui em seu portfólio o Conviva Camboinhas (126 apartamentos), Conviva Neo Icaraí (129) e o São Domingos (empreendimento da Valente, com 284 unidades). “O reaquecimento do mercado imobiliário do Rio passa por esses novos formatos”, afirmou Otero. “É nesse novo nicho que vamos crescer e nos consolidar.”


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