Millenials lideram desejo de financiar imóveis
em Valor Investe, 27/janeiro
Gerações mais novas estão mais propensas a contrair dívidas como tática para construir patrimônio e realizar desejos, diz o levantamento.
Apesar do ritmo de alta da - já bastante alta - taxa básica de juros do país, a Selic, mais da metade dos brasileiros (51%) pretende adquirir um imóvel por meio de financiamento nos próximos dois anos. A liderança do desejo de compra da casa própria fica com os Millennials, que têm entre 27 e 42 anos, com 63% das intenções.
Os dados são do estudo “O futuro da relação do brasileiro com o dinheiro e as finanças”, realizado pela Croma Consultoria, que apontou que pelo menos 64% dos brasileiros pretendem adquirir algum bem de consumo financiado nos próximos anos.
Segundo o levantamento, os moradores das regiões Norte e Centro-Oeste são os que mais sonham com a compra de um imóvel. (60%).
Em segundo lugar nas intenções de financiamento dos brasileiros está a compra de veículo financiado (43%), com buscas principalmente pelas classes A (57%) e B (52%). O prazo ideal de financiamento de veículo está entre 13 e 36 vezes (37%), enquanto para compra de imóveis é mais de 60 vezes (36%), segundo o estudo.
Mas não para por aí. Na sequência do objetivo de parcelamento de compra estão:
- Celulares e smartphones (28%);
- Eletrodomésticos, como fogão, geladeira, máquina de lavar roupa (22%);
- Notebooks ou computadores (18%);
- Viagens nacionais ou internacionais (17%);
- Eletroeletrônicos, como televisores e ar-condicionado (17%).
- Bens com valores menores, como eletrodomésticos ou eletrônicos, são normalmente parcelados em até 6 vezes (39%) ou até 12 vezes (48%), porque o custo total é relativamente baixo em comparação a imóveis ou veículos.
Mas por que financiar?
O alto custo de bens como imóveis e veículos leva muitos a optarem pelo financiamento: seja por não dispor do montante disponível para pagamento à vista, seja para evitar comprometer o orçamento familiar de uma única vez, aponta Edmar Bulla, fundador do Grupo Croma e idealizador do estudo.
Para Bulla, além disso, há diferenças no comportamento financeiro que refletem fatores econômicos, culturais, tecnológicos e das experiências de vida de cada grupo.
Um exemplo disso é que as gerações Z (75%) — com idades entre 18 e 26 anos de idade — e Millenials (72%) são os mais propensos a contrair dívidas, enquanto as gerações X (52%) — entre 43 e 58 anos — e Baby Boomers (58%) — entre 59 anos ou + — são os menos inclinados a isso e preferem evitar esse tipo de compromisso financeiro, priorizando a estabilidade e a liberdade de dívidas, segundo o estudo. Em relação ao gênero, as mulheres (67%) têm mais intenção em adquirir bens de consumo financiado ou em prestações do que os homens (61%).
“Para as gerações mais jovens, o parcelamento de bens de consumo é visto como uma estratégia para construir um patrimônio e realizar desejos. Em contrapartida, os mais velhos preferem evitar esse tipo de compromisso financeiro, priorizando a sua estabilidade e a liberdade de dívidas”, diz.
As intenções de parcelamento também são lideradas pelos brasileiros das regiões Norte e Centro-Oeste (77%). Essa preferência, diz o estudo, está “fortemente ligada a condições econômicas específicas e fatores culturais, como volatilidade do emprego, com prevalência da renda informal e o fácil acesso ao crédito proporcionado por fintechs, cooperativas de crédito (agrícolas ou não) e bancos regionais que oferecem produtos financeiros acessíveis e menos burocráticos".
“Em muitos casos há liberação de créditos ou parcelamentos de compras sem comprovação de renda, isso pode levar a uma maior disposição para financiar bens sem uma avaliação completa dos custos envolvidos”, comenta Bulla.
As regiões Nordeste (64%), Sul (63%) e Sudeste (61%) completam o ranking de intenções.
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