“Não vivo na zona de conforto, penso o tempo em como fazer o cliente viver melhor”
em Valor Econômico, 24/janeiro
Entrevista | Daniel Ribeiro, CEO da G.D8 Incorporador
Em meados dos anos 2010, o empresário Daniel Ribeiro, CEO da G.D8 Incorporadora, trouxe sua expertise de anos construindo casas de luxo na Praia da Baleia para a capital paulista. Sem saber, estava inaugurando um potente filão de mercado: os residenciais horizontais boutique, que se consolidou no alto padrão imobiliário de São Paulo pós-pandemia. São projetos assinados por escritórios importantes como Jacobsen Arquitetura, Artur Casas e Marcio Kogan, que se tornaram referência no segmento não apenas pela grife, mas por carregarem o olhar obcecado pelos detalhes e ávido por inovação do executivo.
Por que resolveu trazer o modelo da praia para a capital?
Daniel Ribeiro – Sentia falta da conexão com a natureza que tinha na praia no jeito de morar do paulistano. Isso você não consegue vivendo em um apartamento, só em casa.
Na sua avaliação, por que este tipo de produto vem dando tão certo na cidade?
Primeiro, ele atende à demanda por mais espaço ao ar livre, verde e privacidade – valores desejados depois da pandemia. Depois, dá uma sensação de segurança muito maior do que viver em uma casa de rua. Também são empreendimentos que não precisam estar em endereços superpremium para entregar um altíssimo padrão. E porque vejo que os pais dos “millenials” querem morar perto dos filhos: para eles, não dá para viver em Alphaville enquanto o filho está na capital, por exemplo.
Este segmento ficou disputado e deve ganhar novos concorrentes este ano. Qual a estratégia para vencê-los?
Nossa estratégia é a mesma adotada pelas grandes marcas de luxo globais: buscar a excelência no desenvolvimento dos produtos para entregar empreendimentos que não existem no mercado. Acho que o consumidor deste tipo de casa não está sendo bem atendido: o que tem chegado ao mercado é alto padrão, mas não superluxo. É onde nos destacamos.
O que seria essa moradia “superluxo”?
Uma residência que combine funcionalidade com o aspecto emocional, estimulando sensações que elevem a qualidade de vida – seja dormir ou acordar melhor, ajudem a reduzir o estresse e que produzam felicidade. Não basta pensar apenas no programa da casa, em quantas suítes ou quais “amenities” o condomínio vai oferecer, sem incluir aspectos energéticos e emocionais no processo.
Por exemplo?
Nossos projetos são apoiados em quatro pilares: físico, emocional, energética e funcional. Então, um projeto arquitetônico e de paisagismo que produza aromas e atraia pássaros, por exemplo – o cérebro humano entende o canto deles como um sinal de paz e segurança. Uma garagem impecável, afinal, é um lugar que passamos todos os dias e precisa ser mais do que funcional. Ambientes integrados, para incentivar as relações familiares. Colocar lazer aberto no rooftop, para conectar as pessoas ao céu da cidade. E, também, uma “sala do hobbie” na entrada de todas as casas.
O que seria isso?
É uma ideia nossa. Um lugar onde o morador possa ter contato emocional com algo que adora fazer toda vez que sai ou chega em casa – seja uma galeria de arte, um ateliê de pintura, um espaço com adega para degustação de vinhos ou uma oficina de carros de coleção.
Como a tecnologia é incluída no processo de sensações?
Eu adoro gadgets. Há 15 anos, testei no quarto dos meus filhos um aparelho que monitorava o nível do CO2 do ambiente. Fui estudar as opções e acabei integrando nos condomínios depois. Vai incluso de cortesia aos clientes e a qualidade de sono deles aumentou muito. Também inclui em todos os projetos, uma raia com correnteza que usei na minha residência, uma facilidade para quem gosta de nadar, sem precisar de uma piscina de 25 metros.
Não é muito detalhe para resolver e, ainda, conduzir a companhia toda?
Não vivo na zona de conforto. Fico o tempo todo pensando em como fazer nossos clientes viverem melhor.
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