Administradoras de condomínio Lello e Hubert anunciam fusão

em Valor Econômico, 9/setembro

Com atuação tradicional em São Paulo, companhias querem iniciar movimento de consolidação em mercado ainda fragmentado.

As administradoras de condomínios e imobiliárias Lello e Hubert fecharam uma fusão que resultou na criação de uma nova holding imobiliária, reunindo os dois negócios, que seguem em operação com marcas e equipes separadas. E há interesse para ampliar a consolidação.

As duas companhias atuam na capital paulista e possuem, juntas, cerca de 17% de participação do mercado de administração de condomínios. A Lello é líder em São Paulo e a Hubert figura entre as cinco maiores da cidade.

A Lello administra atualmente 3,5 mil condomínios, incluindo prédios da capital, da Grande São Paulo e de algumas cidades do interior e do litoral paulista. Com a Hubert, que atua em São Paulo, Campinas e Jundiaí, a soma passa a ser de 4,2 mil condomínios. A nova holding é responsável por gerenciar ainda o aluguel de 16 mil imóveis.

A Lello tem volume muito maior de negócios, mas Hubert tem em sua base prédios em regiões mais valorizadas de São Paulo - é forte no Itaim Bibi e em Moema, por exemplo - e também tem boa relação com incorporadoras, o que ajuda a atrair os prédios ainda em construção.
As duas companhias completam 70 anos de fundação neste ano. O relacionamento entre elas também é de longa data. Como conta José Roberto de Toledo, sócio da Lello, que está na empresa desde 1972, a aproximação começou quando a administradora se mobilizou para formar uma associação do setor, a Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (Aaabic), fundada em 1978. O pai de Rodrigo Gebara, CEO da Hubert e agora sócio da nova holding, foi o primeiro presidente da entidade.

O quadro de acionistas da holding tem ainda Antonio Couto, sócio de Toledo na Lello. A fusão foi feita por meio de troca de ações, e os valores não foram divulgados.

Novas fusões ou compras estão no radar dos sócios, que veem o mercado de administradoras de condomínios ainda muito fragmentado. “Temos como propósito avançar na consolidação”, diz Couto. Ele afirma que o movimento com a Hubert deve trazer “encorajamento para alguns núcleos se movimentarem”, inclusive em direção à holding.

A nova empresa nasce com 4,2 mil condomínios para administrar e vai gerenciar o aluguel de 16 mil imóveis

As empresas também estão de olho na crescente verticalização de cidades no Centro-Oeste, que pode abrir espaço para avançar além de São Paulo. Fora do Estado, a Lello só tem um projeto piloto, uma parceria em Maceió.

“Podemos aglutinar outras empresas e trazer um padrão de serviço mais coerente com a realidade”, afirma Toledo, ressaltando que hoje, para uma administradora, não basta emitir balancetes e pagar contas.

Para os três sócios, a consolidação no setor é necessária para que se possa investir em tecnologia, já que os condomínios têm se tornado cada vez mais complexos, com várias torres e ambientes comuns, lojas na fachada e uso do térreo para instalar mercadinhos. Também existem questões regulatórias (e polêmicas) em discussão, como se é permitido fazer aluguel de temporada e qual a maneira mais segura e justa de instalar carregadores de carros elétricos.

Há também a percepção de que, desde a pandemia, é preciso investir mais no lado “social” dos condomínios, na estruturação de uma vida de fato coletiva nos prédios.

A Lello tem uma iniciativa para estudar soluções a essas questões, o Lello Lab, que realizada atividades nos prédios e promove pesquisas sobre o ambiente condominial. Gebara afirma que essa é uma das vantagens da fusão. “Eu não teria como fazer um Lello Lab sozinho, vamos usufruir.”


Ver online: Valor Econômico