Alta procura por estúdios impacta desempenho do mercado carioca
em Valor Econômico, 14/novembro
Dados do Secovi-Rio confirmam a demanda por imóveis compactos: foram 1.667 novos estúdios, em 2023, contra 538 unidades de quatro quartos.
O ano de 2024 promete registrar o melhor desempenho do mercado imobiliário carioca, e um protagonista chama a atenção nesse resultado: os estúdios. Os apartamentos compactos de 30 a 50 metros quadrados, preferidos pelos investidores interessados em rentabilizar com locação, surpreendem pela velocidade com que são vendidos: em média, 80% no lançamento.
Os imóveis do tipo “padrão especial”, que incluem lofts e apartamentos de quarto e sala, além dos estúdios, bateram recorde de vendas no terceiro trimestre deste ano (2.258 unidades) no Rio, aponta levantamento da Brain — Inteligência Estratégica, feito para a Ademi-RJ. O volume é quase dez vezes maior que o registrado no mesmo período de 2023 (213 unidades).
“A demanda por compactos deve-se a fatores como a alteração da legislação urbana, que permitiu a construção dessa tipologia na Zona Sul, e a mudança no conceito de moradia no mundo todo”, resume Marcos Saceanu, presidente da Ademi RJ.
A aceleração no ritmo de vendas, sinalizada a partir dos últimos três meses de 2023, levou construtoras e incorporadoras do Rio a priorizar o “padrão especial” em seus novos empreendimentos. Segundo a Brain, só no terceiro trimestre de 2024, foram 2.407 unidades colocadas no mercado, contra 278 no período equivalente de 2023. Dados do Secovi Rio confirmam esse resultado: em 2023, foram lançados na cidade 1.667 estúdios contra 538 unidades de quatro quartos.
Um dos atrativos desses imóveis erguidos em pontos estratégicos do Rio é a vista privilegiada. No Gate Santos Dumont, fruto de parceria da RJZ Cyrela com o Yoo Studio, todos os apartamentos terão vista frontal para a Baía de Guanabara. Localizado na Avenida Beira Mar, em frente ao aeroporto, o residencial teve as 579 unidades de 28 a 35 metros quadrados vendidas em apenas três dias, ao valor de R$ 15 mil o metro quadrado — 90% para investidores e 10% para moradia.
“A localização é estratégica tanto para o turismo de negócios quanto o de lazer, um excelente investimento para locação ‘short stay’”, diz Marcel Vieira, diretor Comercial da RJZ Cyrela. Esse é o primeiro empreendimento com estúdios da incorporadora, que está desenhando outros projetos no perfil do Gate com lançamento previsto para o início de 2025.
A Sig Engenharia, que já surfa essa onda, prepara para dezembro o lançamento de mais um projeto com estúdios em Ipanema: o Riô Residence & SPA, com 31 unidades de 38 a 48 metros quadrados e coberturas de 76 a 130 metros quadrados, todas com vista para o mar. O residencial ocupará o lugar do Everest Park Hotel na Rua Maria Quitéria e terá o metro quadrado a partir de R$ 35 mil.
“Os estúdios são um produto típico para turistas, o que é uma vantagem para investidores, e têm o conforto de um residencial com todos os serviços e área de lazer que atende também como moradia”, diz Schalom Grimberg, sócio-fundador da Sig.
Estreando no mercado, a RJDI elegeu os compactos como tipologia exclusiva. Serão seis projetos, cinco deles na Zona Sul, com 376 unidades de 36 a 76,5 metros quadrados. O preço parte de R$ 973 mil. Para Jomar Monnerat, sócio-fundador da empresa, os estúdios são um fenômeno global, frutos de transformações nos modelos de trabalho, no estilo de vida e na hospedagem ocorridas nos últimos anos no mundo.
“As pessoas buscam cada vez mais espaços compactos para viver, e o Rio, até o ano passado, tinha uma legislação restrita à construção dos estúdios”, observa, citando como exemplo a exigência de garagens e a proibição de construção de unidades com menos de 50 metros quadrados na Zona Sul carioca.
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