Comprar imóvel para morar ou investir?
em Extra - Morar Bem, 3/novembro
A diferença de objetivos determina os critérios que devem ser levados em conta na hora de decidir pela aquisição de um apartamento.
Para quem compra com a intenção de morar, o imóvel é uma necessidade. Para quem quer investir, é encarado como um ativo financeiro para gerar rentabilidade. São objetivos diferentes que levam os clientes a estabelecer critérios distintos no momento de fechar negócio com as construtoras.
No segmento econômico, grande parte dos compradores tem a expectativa de realizar o sonho da casa própria. Mas, dependendo da localização, os projetos despertam o interesse também daqueles que querem rentabilizar no futuro próximo com aluguéis de curta ou de longa duração. No médio padrão, os investidores dividem espaço com os que procuram moradia.
Nos empreendimentos da Riva Incorporadora, o perfil dos clientes varia de acordo com a localização, diz Rodrigo Sasportes, gerente Comercial da empresa no Rio de Janeiro. Os que ficam em áreas de expansão da cidade chamam mais a atenção de investidores.
Um exemplo citado por ele é o BeOn Residencial, em São Cristóvão, lançado em junho de 2023. Depois da inauguração do Terminal Gentileza e do anúncio de construção do futuro estádio do Flamengo no bairro, as vendas para investidores — que já estavam fortes — passaram a responder por quase 100% dos negócios fechados.
— Os investidores prestam atenção na localização do imóvel, que deve estar em áreas com infraestrutura estabelecida ou em expansão. Centro e Barra Olímpica, por exemplo, estão entre os bairros mais atrativos para eles. Os que compram para morar também se preocupam com a localização, mas as condições de pagamento oferecidas são determinantes para esse cliente fechar negócio — conta Sasportes.
O gerente cita alguns pontos que não podem deixar de ser avaliados tanto para quem quer morar quanto para quem quer investir. Em ambos os casos, a busca por um corretor e uma construtora com solidez e qualidade deve estar entre as prioridades. Entender bem os custos e as taxas exigidas na compra de um imóvel também é fundamental. Para os investidores, é indispensável saber quais são os custos fixos de condomínio e as taxas extras, que impactam a rentabilidade.
Para Maurício Corrêa, diretor Comercial da Jeronimo da Veiga, vários fatores devem ser considerados por quem busca um imóvel para morar. No segmento econômico, o cliente dá mais atenção à parte financeira, como valores da parcela do financiamento e da entrada e da taxa condominial. Vencida essa primeira etapa, entram detalhes da planta: acabamento, varanda, lazer para as crianças e segurança. A localização e a facilidade de transporte para o trabalho também têm peso na escolha do imóvel. A proximidade da família e da escola dos filhos é outro ponto levado em conta.
Segundo Correa, há dois perfis de investidores no segmento econômico: os que compram e pagam todo o valor do imóvel durante as obras e os que compram por meio de financiamento e usam o valor do aluguel para pagar as prestações.
— No primeiro caso, são pessoas financeiramente já estabelecidas. No segundo, em geral são jovens que estão começando a construir seu patrimônio e investem em regiões onde não morariam — explica Maurício Corrêa.
Segurança no entorno do empreendimento, qualidade das áreas comuns e facilidade de financiamento são fatores decisivos para quem busca imóvel para moradia, na opinião de Deisy Dias, gestora Comercial da MRV no Rio. Para ela, esse grupo se preocupa em adequar a compra do imóvel ao orçamento familiar.
— A escolha do imóvel deve estar alinhada ao estilo de vida da família, pois impacta diretamente o conforto e a qualidade de vida. Outro ponto importante é o potencial de valorização no longo prazo, pois a aquisição representa não só uma solução habitacional, mas também o patrimônio. Para investidores, a solidez do empreendimento, o perfil dos futuros inquilinos, o valor potencial do aluguel e os custos de manutenção são fundamentais para garantir uma boa rentabilidade — pontua.
Investidores já têm estabilidade financeira
Os compradores chamados ‘híbridos’ adquirem o imóvel para alugar e passar férias
Os investidores costumam ter um perfil específico, afirma Ernesto Otero, CEO da Lobie, startup imobiliária que administra condomínios e unidades para locação por assinatura. Em geral, eles já são proprietários de um ou mais imóveis e apresentam um planejamento financeiro mais sofisticado quando comparado aos que procuram um imóvel para morar.
— É um público mais sênior, com idades entre 45 e 70 anos, que costuma alugar o imóvel para pessoas mais jovens e solteiras, com até 35 anos, em média — analisa Otero.
A Lobie atua na gestão de novos condomínios no Centro, como o Casa Mauá, e auxilia nas vendas de unidades de lançamentos na região, que tem atraído investidores. Parte dos clientes que a startup recebe são os chamados híbridos, aqueles que moram em outros estados e colocam seu imóvel no Rio para alugar durante dez meses do ano e, nos outros dois, utilizam-no para passar férias com a família.
Waldecy Prado, gerente Comercial e de Novos Negócios da Novolar, lembra que, mesmo que seja para morar, a compra de um imóvel sempre será um bom investimento. — É um bem que se valoriza com o passar dos anos. O cliente que compra para morar também está fazendo um investimento.
Alain Deveza, gerente geral da Vivaz e da Living, compartilha a mesma opinião, afirmando que, no geral, os dois tipos de clientes têm expectativas parecidas. — Resumidamente, eles buscam boa localização e projetos bem estruturados, afinados com seus objetivos de vida — pontua.
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