Construtoras estão de olho em bairros da Zona Norte

em Extra, 26/maio

Além de demanda reprimida, mudanças recentes no Plano Diretor estimulam novos lançamentos econômicos e de médio padrão na região.

A Zona Norte sempre está no foco das construtoras do segmento econômico, mas alguns bairros chamam mais a atenção e lideram o ranking de lançamentos. Em geral, são regiões com oferta de transporte público de massa, além de comércio e serviços pujantes.

Estão nessa lista: Irajá, Méier, Del Castilho e Cachambi. Outros com demanda reprimida em função da falta de novos empreendimentos nos últimos anos entraram no radar das empresas: Cascadura, Bento Ribeiro e Madureira.

A CTV Construtora lançou recentemente em Irajá (Star Residencial e Art Prime), Campinho (Vitória) e Cascadura (Mob) e deverá lançar um projeto na Piedade, que fica próximo à Linha Amarela. O gerente Comercial da CTV, Bruno Camargo, aponta os aspectos importantes para a escolha da localização do projeto: a proximidade com infraestrutura de lazer, comércio e segurança. Nesse contexto, as regiões que ficam no entorno do Nércite Shopping sempre terão apelo de venda, segundo Camargo.

— Irajá e Méier estão sempre no nosso radar. O Méier tem público que se enquadra na faixa 3 do Minha Casa, Minha Vida, uma classe média com renda para obter financiamento. O difícil lá é arrumar terrenos adequados para viabilizar os projetos. Mas acreditamos que as novas regras construtivas para a Zona Norte vão facilitar os lançamentos — afirma Camargo.

Ele se refere ao Plano Diretor do Rio, aprovado em dezembro passado, que estimula a ocupação da região. Uma das medidas prevê gabaritos mais flexíveis, principalmente próximo a estações de trens e de outros transportes coletivos.

O vice-presidente da Cury, Leonardo Mesquita, diz que bairros tradicionais como Irajá, Vista Alegre, Ramos e Bonsucesso são regiões desejadas e sempre terão boas opções de lançamentos. Ele também acredita que as novas regras construtivas vão atrair mais projetos e que Madureira será beneficiada nos próximos anos.

— Ramos e Olaria têm muitos galpões que podem se traduzir em mais ofertas de terreno, viabilizando novos lançamentos. A desobrigação de ter vagas para 100% das unidades também barateia os projetos. A legislação anterior era um desafio, mas agora estamos nos adaptando às regras — explica.

A Cury deverá lançar em junho um novo empreendimento em Irajá, com 500 unidades já sob a nova legislação, e outro em Olaria, no segundo semestre deste ano, com 800 unidades.

Para Paulo Araújo, diretor Regional do Rio de Janeiro do Grupo Patrimar, os bairros mais cobiçados da Zona Norte são aqueles que ele chama de “vertentes da Leopoldina”, que ganharam vida no entorno das estações de trem e metrô: Ramos, Bonsucesso, Olaria, Penha, Vila da Penha e Irajá.

— São bairros mais atraentes porque ficam na Zona Norte, mas têm fácil acesso ao Centro da cidade via metrô ou trem. Os moradores são bairristas. E os novos empreendimentos, com conceitos mais modernos e infraestrutura completa de lazer, são escassos nessas regiões — pontua.

A Novolar, empresa do Grupo Patrimar voltada a projetos econômicos, deverá lançar no primeiro semestre de 2025, um novo empreendimento na Penha com 256 unidades, em um terreno bem localizado. O projeto está em fase de aprovação na prefeitura.

Na opinião de Ivan Bettencourt, superintendente de Incorporação da Direcional, a Zona Norte como um todo é interessante para projetos econômicos. Recentemente, a empresa lançou um empreendimento na Pavuna que tem tido bom desempenho nas vendas. Outros bairros de interesse da construtora são Irajá, Inhaúma e Bonsucesso.

— Com as novas regras do Plano Diretor, estamos revisitando a base de terrenos na Zona Norte para expandir nossa atuação. Os desafios da região hoje são a escassez de terrenos e a falta de segurança, que em algumas áreas é crítica.

Região tem seis campeões de vendas

Os seis bairros com maior número de vendas na Zona Norte, segundo dados atualizados do Secovi-Rio, são Tijuca, Vila Isabel, Cachambi, Irajá, Jardim Guanabara (Ilha do Governador) e Méier. A pesquisa leva em conta a comercialização de imóveis usados, inclusive dos segmentos econômicos e de médio e alto padrões.

Vila Isabel e Grajaú são bairros que tradicionalmente abrigam novos empreendimentos destinados a um público de poder aquisitivo mais alto. Tiago Sampaio, gerente Comercial da Avanço Realizações Imobiliárias, diz que essas duas áreas acabam ficando no limbo por causa da escassez de terrenos. Os que estão disponíveis não viabilizam o lançamento de projetos econômicos, segundo ele. E os de médio padrão acabam não tendo apelo junto ao público dessas regiões.

— Na Zona Norte, nosso foco é lançar empreendimentos de médio padrão. O Méier é uma excelente área para isso. Nossa expectativa é fazer em 2025 um lançamento em Vista Alegre, um bairro basicamente residencial.

Alain Deveza, gerente geral da Living e da Vivaz, destaca que as duas empresas têm um histórico positivo de lançamentos econômicos e de médio padrão na Zona Norte.

— Cada terreno é único e se destaca por suas características, que nos inclinam a lançar para um determinado tipo de público e renda — diz Deveza.


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