Mercado imobiliário prevê recorde de vendas em 2024 e aumento de preço
em Valor Econômico, 27/agosto
Nos últimos 12 meses até julho, o número de unidades lançadas em São Paulo subiu 23%.
As divulgações dos balanços do segundo trimestre das incorporadoras, feitas neste mês, apontaram para um mercado em geral positivo, que tem demandado produtos e conseguido arcar com os custos do financiamento imobiliário, mesmo com taxas altas e sem previsão de baixa, após a interrupção do ciclo de queda da taxa básica de juros (Selic). O setor habitacional espera desempenho recorde em 2024.
O indicador do Secovi-SP (Sindicato da Habitação) para a cidade de São Paulo corrobora os resultados divulgados pelas companhias. Nos últimos 12 meses até julho, o número de unidades lançadas subiu 23%, para 88 mil, puxado pelo desempenho das empresas que estão no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
As unidades lançadas no programa, na capital paulista, cresceram 75% em um ano, enquanto nos demais setores, de média e alta renda, houve queda de 15% no número de lançamentos.
As vendas subiram nos dois setores, mas o MCMV continua com desempenho acima da média. A alta geral de vendas foi de 28%, para 90,8 mil unidades — mais unidades foram vendidas do que chegaram ao mercado, o que causou uma diminuição do estoque da cidade. No MCMV, o aumento das vendas foi de 37%, enquanto nos demais mercados foi de 20%.
A oferta final na cidade, que representa todos os imóveis novos disponíveis para venda, caiu 12% em um ano, para 55,2 mil unidades.
Tendência firme
“Não existe no nosso radar nenhum fator que mostre que essa tendência vai se reverter nos próximos meses ou no próximo ano”, afirmou o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, ao apresentar os dados acima na segunda-feira (26), na Convenção Secovi. Nem a taxa básica de juros, que estacionou em 10,5% ao ano, teria o poder de atrapalhar a dinâmica positiva de vendas e de redução de oferta.
Petrucci chamou a atenção para o fato de ter havido, em São Paulo, uma paralisação na aprovação de novos projetos de incorporação, por causa da revisão de Lei de Zoneamento, o que afetou o volume de novas unidades no mercado, no segmento de média e alta renda (o setor do MCMV não foi afetado). Essa paralisação terminou em junho.
O que pode limitar o mercado imobiliário na cidade, e também em todo o país, segundo Petrucci, são os recursos para financiar as obras e os compradores. O economista lembrou que a entidade está em conversas para que os fundos de pensão contribuam com o crédito imobiliário, e reforçou a importância de proteger as fontes de financiamento para a pessoa física, para que seja possível continuar planejando empresas e empreendimentos.
O Conselho Curador do FGTS já ampliou neste mês o orçamento destinado à habitação para este ano, em R$ 22 bilhões, para R$ 140 bilhões.
2º semestre aquecido
Fabio Araújo, CEO da Brain Inteligência Estratégia, que realiza pesquisas do setor imobiliário, afirmou que a tendência para o segundo semestre é de lançamentos e vendas mais fortes, pela sazonalidade. “Em especial, o último trimestre tem sido o melhor do ano”, disse.
Há expectativa de que 2024 seja o melhor ano de vendas para o setor, desde que a Brain começou a acompanhar os dados nacionais de vendas e lançamentos, em 2016. Em lançamentos, deve ser ao menos o segundo melhor ano, atrás de 2021.
Para ele, a diminuição do estoque mostra que há espaço para que os preços dos imóveis “subam mais ainda”. A variação do preço das unidades já está acima do INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), que ficou acumulado em 4,42% nos últimos 12 meses, até julho.
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