Patrimar contrata ex-CEO da RNI para crescer no Minha Casa Minha Vida em SP

em Estadão, 7/março

Incorporadora tradicional em Minas e no Rio lança plano de avanço em cidades paulistas.

A Patrimar, incorporadora tradicional em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, está dando largada ao seu plano para avançar sobre o Estado de São Paulo. O foco é o lançamento de residenciais dentro do Minha Casa Minha Vida (MCMV), segmento no qual já atua com a marca Novolar. Para isso, o grupo montou uma regional em Campinas e entregou o comando para o experiente executivo Carlos Bianconi, que por 14 anos presidiu a RNI, incorporadora de São José do Rio Preto, no interior de SP, listada na Bolsa.

A Patrimar pretende lançar em torno de mil apartamentos em 2024 no interior paulista, subindo para 2,5 mil em 2025 e 4 mil em 2026. As unidades custarão até cerca de R$ 500 mil, o que pega as faixas 2 e 3 do MCMV, e um patamar logo acima do programa.

Se este volume de lançamentos for confirmado lá na frente, colocará a empresa em um patamar próximo das líderes do MCMV em São Paulo, onde atuam MRV, Tenda, Direcional, Plano & Plano, Cury e Pacaembu, por exemplo. A maioria delas, porém, está na capital e na região metropolitana.

Foco no interior

Neste primeiro ciclo, o foco da Patrimar são as cidades que ficam em um raio de aproximadamente 150 quilômetros de Campinas, o que abrange Araraquara, Jundiaí, Sorocaba, Piracicaba, São José dos Campos e São Carlos. No ciclo seguinte, a intenção é chegar a outros centros importantes, como Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.

“Essas cidades são organizadas e têm uma classe média forte, com carteira assinada e uma demanda pujante por moradia”, afirma o presidente da Patrimar, Alex Veiga. Já a capital paulista está fora dos planos devido à competição considerada acirrada demais.
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“Aí é briga de foice no escuro. Achar terreno em São Paulo é muito difícil, e a compra precisa ser em dinheiro”, diz. Já no interior, a empresa montou seu banco de terrenos via permutas.

Nova tentativa

Esta não é a primeira vez que a Patrimar tenta se estabelecer em São Paulo. A incorporadora já lançou alguns projetos no Estado, mas não conseguiu colocar de pé uma operação contínua. Segundo Veiga, houve erros internos na escolha dos profissionais. “Colocamos gente de Belo Horizonte para comprar terreno em São Paulo. Não deu certo, mas aprendemos com os erros.”

A razão por trás da investida da Patrimar é o bom momento do MCMV, que passou por uma série de ajustes que aumentaram muito o poder de compra da população. Em um piloto, a companhia lançou um residencial com 300 apartamentos em São José dos Campos em setembro. De lá para cá, quase 200 unidades (65%) foram vendidas. “Com certeza, este é o melhor momento do programa”, afirma Veiga.

Atualmente, os projetos do MCMV respondem por 25% da receita, enquanto os 75% restantes vêm dos empreendimentos de médio-alto e alto padrão. A ordem do conselho é dividir essa receita meio a meio nos próximos anos, contou o diretor financeiro, Felipe Enck.

A Patrimar vem numa rota de crescimento. A receita líquida aumentou 63% em 2023 perante 2022, batendo em R$ 1,3 bilhão. No mesmo período, o lucro líquido subiu 10%, para R$ 80 milhões.


Ver online: Estadão