Baixa oferta de imóveis novos impulsiona mercado de usados

em Valor Econômico, 10/maio

Os campeões de procura ficam em bairros da Zona Sul com escassez de terrenos para novas construções e custam a partir de R$ 15 milhões.

O mercado de imóveis usados de alto padrão no Rio de Janeiro está em plena ebulição, alavancado pela busca crescente de propriedades em bairros nobres da Zona Sul por investidores locais e estrangeiros. A boa fase da economia — com tendência de redução da taxa de juros e controle da inflação — e a valorização dos imóveis na região impulsionam a demanda, fortalecida ainda pela redução da oferta no setor primário.

Com perspectivas de ganhos consideráveis, o segmento de reforma para revenda atingiu nos últimos dois anos um volume de negócios excepcional. Os dois maiores players desse mercado no Rio, a Bossa Nova Sotheby’s International Realty (BNSIR) e a Where in Rio confirmam esse movimento, com aumento de 35% e 20% das vendas, respectivamente, nos últimos 12 meses. No mesmo período, o preço médio dos aluguéis no Rio teve valorização de 16,5%, segundo o índice FipeZap de março.

Os imóveis mais procurados são os localizados em bairros com forte escassez de terrenos para novas construções, têm de 300 a mil metros quadrados e custam a partir de R$ 15 milhões. Em geral, são construções antigas que passam por ampla reforma para adequação aos padrões de sofisticação exigidos pelo mercado de alto padrão e que, depois de prontas, nada ficam a desejar em comparação aos imóveis novos.

“Arquitetos e designers, inclusive os de renome internacional, ressignificam cada projeto, garantindo requinte com acabamentos importados e conforto e praticidade com a incorporação das mais avançadas tecnologias de ‘smart home’”, diz Fredéric Cockenpot, CEO da Where in Rio.

A empresa está à frente da negociação dos mais luxuosos apartamentos, coberturas e mansões no Rio, com vistas deslumbrantes para o mar ou para os pontos turísticos mais conhecidos da cidade, como o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor. Os investidores estrangeiros representam 20% da carteira de clientes da imobiliária, e o portfólio reúne hoje cerca de 500 unidades.

Segunda residência

Marcello Romero, CEO da BNSIR, também destaca a movimentação de investidores internacionais no mercado secundário, especialmente no segmento de segunda residência. “Nos últimos dois anos, negociamos quatro propriedades de alto luxo para investidores europeus”, conta ele.

Com atuação focada na Zona Sul e na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, a BNSIR detém 40% de “market share” no mercado secundário carioca. “A localização continua sendo um dos principais fatores na escolha de imóveis de luxo, e a limitação de espaço para novas edificações na Zona Sul tem potencializado os negócios no mercado secundário”, acrescenta Romero.

O presidente do Sinduscon-Rio, Claudio Hermolin, concorda que o segmento de compra e venda de imóveis usados de alto padrão vem registrando aumento no volume de transações e valorização em razão dos poucos lançamentos.

“Os investidores pessoas físicas e os institucionais estão atentos a esse movimento do mercado, que registrou nos últimos meses operações de grande monta, tendo à frente bancos e fundos de investimentos”, explica ele, referindo-se à troca de propriedade de imóveis importantes da cidade, como o Rio Design e o prédio que sediava a Operadora Oi, no Leblon, o Shopping RioSul, em Botafogo, e o Hotel Hilton, em Copacabana.

Copacabana e Flamengo são os bairros mais procurados pelos investidores por concentrar vários imóveis com mais de 500 metros quadrados de área, avalia Claudio Castro, diretor Comercial da Sérgio Castro Imóveis. Ele destaca as plantas generosas, o pé-direito alto e as boas estruturas, que suportam reformas pesadas.

“Muitos apartamentos desses bairros são verdadeiras ‘mansões suspensas’, espaçosas e com acabamento em mármore italiano, que representava sofisticação na primeira metade do século passado”, enfatiza.


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