Onda de retrofit revitaliza o Centro do Rio
em O Globo, 15/setembro
Construções históricas que estavam abandonadas havia anos são requalificadas e atraem moradores à região.
Quando o assunto é retrofit, o Centro do Rio é protagonista. Graças ao projeto Reviver Centro, cuja primeira fase teve início em 2022, a região ganhou um plano de recuperação urbanística, cultural, social e econômica como forma de atrair novos moradores. Para cumprir essa missão, o caminho tem sido o aproveitamento de construções já existentes, muitas delas esvaziadas ou abandonadas no período da pandemia.
Basta andar pelas ruas do Centro para se perceber, aqui e ali, obras de requalificação e transformação de prédios comerciais em residenciais. Até um dos edifícios mais emblemáticos da cidade, que abrigou o jornal A Noite e a Rádio Nacional, na Praça Mauá, entrou nessa onda e abrigará 447 apartamentos.
Primeiro arranha-céu da América Latina, inaugurado em 1929 — e batizado originalmente de Joseph Gire, antes de se tornar conhecido pelo nome do jornal —, o prédio em estilo art-déco foi adquirido pela Azo Inc., que vai remodelar seus 23 andares. As unidades terão de 37 a 47 metros quadrados e pé-direito de 3,8 metros, um padrão incomum para a região. O residencial terá restaurantes no térreo e no rooftop, que também abrigará um espaço aberto à visitação.
— É uma região excepcional e de deslocamento fácil, que está recebendo muitos investimentos em segurança, limpeza e infraestrutura. A Noite tem muita história, e o projeto é um presente para a cidade — afirma José de Albuquerque, CEO da Azo Inc.
O Edifício A Noite ficou dez anos fechado, assim como o Prédio do Chatô, nas proximidades da Pedra do Sal, que abrigou as redações de O Jornal e do Diário da Noite. O nome faz referência ao magnata da imprensa Assis Chateaubriand, seu antigo proprietário.
Comprado pela CTV, a edificação passará por retrofit e será transformada em um residencial com 163 estúdios, 23 apartamentos de quarto e sala e seis lojas no térreo, além de infraestrutura de lazer, serviço completo e rooftop com vista para a Baía de Guanabara. Mais de 90% do empreendimento já foi vendido.
—O projeto ficou a cargo da Cité Arquitetura, que teve a missão de valorizar ainda mais um imóvel tão importante para a História da cidade. Vamos preservar o estilo art-déco do prédio original e dar um toque de contemporaneidade — observa Fábio Jandre, gerente Comercial do Grupo CTV.
Práticas sustentáveis
A popularização do processo de retrofit nas grandes cidades também permite às incorporadoras a adoção de práticas mais sustentáveis. A readequação de prédios antigos representa economia de materiais, água e energia durante a obra e possibilita a adoção de tecnologias que não existiam na época da construção original, como painéis solares ou sistemas de reaproveitamento da água de chuva.
Na avaliação do presidente da Ademi-RJ, Marcos Saceanu, a onda de retrofits no Centro permite a ocupação permanente da área, já que, em zonas apenas de comércios ou escritórios, o movimento fica restrito aos horários de funcionamento dos estabelecimentos.
— Muitos edifícios que estão passando por retrofit estavam sem uso e agora serão transformados em moradias. O equilíbrio entre residências e comércio cria um ambiente urbano com ocupação permanente. Os projetos já lançados foram um sucesso, e haverá muitas oportunidades para mais lançamentos na região — aposta Saceanu.
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