Bairros planejados ganham força no alto padrão nacional
em Valor Econômico, 1º/novembro
Pensados sob o conceito do novo urbanismo, projetos com residenciais, centros comerciais, torres corporativas e muito verde tornam-se um novo filão no mercado imobiliário brasileiro.
Morar, trabalhar e se divertir no mesmo lugar e a curta distância de um espaço para outro. Acrescente-se uma boa dose de sofisticação arquitetônica, paisagismo caprichado, alta tecnologia, infraestrutura completa de serviços e... “voilà”! Temos um produto que vem ganhando força no mercado imobiliário nacional: os bairros planejados de alto padrão.
Nos últimos anos, empreendimentos com essa combinação de fatores e que colocam as pessoas no centro da experiência imobiliária têm surgido de norte a sul do país. Em comum, navegam no conceito de “cidade de 15 minutos”, criado pelo urbanista colombiano Carlos Moreno — a vida deve ser resolvida em um raio de poucos minutos a pé ou de bicicleta —, harmonizam-se com o meio ambiente e têm diferenciais que só os condomínios de luxo costumam oferecer.
Em Santana de Parnaíba, a 30 minutos da capital paulista, a incorporadora Arqos lançou o Distritq: um bairro-design que aposta na combinação de arquitetura autoral e natureza, com 600 mil metros quadrados, vizinho a uma reserva biológica de 3,5 milhões de metros quadrados.
Com “master plan” do escritório Natureza Urbana, o empreendimento é composto por três centralidades de escalas diferentes: Boulevard, Urbe e Reserva. Dentro delas, escolas, lojas, restaurantes e torres corporativas. O VGV é de R$ 5 bilhões.
“A opção por um bairro planejado é porque é possível dar um tratamento mais humano ao empreendimento, interferindo diretamente em questões como segurança, mobilidade e gestão de energia e resíduos e garantindo o desenvolvimento sustentável da área no longo prazo”, justifica Felipe Chukr, CEO da Arqos.
A primeira centralidade a sair do papel é a Boulevard, que abrigará o Mirante Arqos — um espaço gastronômico e de convivência — e quatro empreendimentos. Um deles, o condomínio Vista Alta, assinado pelo escritório FGMF, já está em obras. No final de outubro, foi anunciado o BLVD Alti, criação da aflalo/gasperini arquitetos.
Serão seis torres residenciais com cinco andares cada, conectadas por três grandes praças de 1,6 mil metros quadrados. No térreo, a fachada ativa será um convite para a convivência entre as pessoas. “Quando falamos em um ‘boulevard’, queremos estimular também o encontro entre os condomínios, seus moradores e visitantes dos espaços públicos”, afirma Chukr.
Projetos únicos
No Sul, lançamentos representam bem essa nova tendência. Em Porto Belo (SC), a JTA Urbanismo apresenta o Cidade dos Lagos: empreendimento de um milhão de metros quadrados, com 28 mil metros de lagos com águas cristalinas. É ao redor deles que os 617 lotes residenciais serão dispostos.
“As casas terão vista do lago nos fundos do terreno. Os lotes começarão a ser vendidos em março de 2025, com valor estimado de R$ 4 mil o metro quadrado”, avisa José Antunes, CEO da incorporadora. Haverá ainda 78 lotes comerciais verticais e 157 de uso misto.
Aberto ao público, o Cidade dos Lagos contará com segurança 24 horas, câmeras de monitoramento inteligente, sensores de rastreamento de veículos e outros “devices” de alta tecnologia.
Outros diferenciais do projeto catarinense são uma academia de futebol — desenvolvida em parceria com o jogador Neymar Jr. —, um centro hípico e a assinatura da arquiteta Fernanda Marques em todas as áreas de lazer. “Serão espaços contemporâneos, que buscarão aliar modernidade com elementos clássicos, totalmente integrados à paisagem do lugar. A ideia é ressaltar o que temos de melhor ali: a localização excelente e uma vista linda”, diz Fernanda.
Em Curitiba (PR), a incorporadora BairrU lançou no fim de outubro o Parc Autódromo: projeto de Jaime Lerner no terreno onde existiu o circuito internacional de automobilismo da cidade, com 300 lotes residenciais, mais de 200 lojas e 40 torres corporativas ao redor de uma área verde com 130 mil metros quadrados.
Cerca de 70% do traçado original da pista será mantido, incluindo a reta dos boxes. Fernando Bau, CEO da BairrU, conta que a ideia do projeto surgiu em um jantar com o próprio Lerner, que teria sugerido a criação do bairro no autódromo — proposta rechaçada, a princípio, pelo empresário. “Perguntei se as pessoas gostariam mesmo de morar em um lugar onde haviam tido corridas de carro. E Lerner respondeu: se em Mônaco aceitam, por que em Curitiba, não?”, recorda Bau.
Em tempo, o executivo não descarta a realização de provas esportivas utilizando um eventual circuito de rua — de preferência, com carros elétricos. O VGV estimado do Parc Autódromo é de R$ 5 bilhões. “Poderíamos ter feito uma série de condomínios fechados aqui, seria muito mais fácil, mas acreditamos em propósito e legado. Fomos movidos por uma vontade genuína de transformar essa região da cidade com um projeto que, além de eficiente e vantajoso financeiramente, nos causa muito orgulho”, diz Bau.
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