‘Torneira aberta’ do governo, investidor com baixo rendimento e melhora da economia: o tripé que deve impulsionar a construção civil até o fim do ano

em Seu Dinheiro, 29/julho

CBIC vê cenário otimista e projeta melhora do PIB do setor, impulsionado por Minha Casa Minha Vida, poupança, FGTS e emprego.

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) renovou nesta segunda-feira (29) suas projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da construção em 2024.

A nova expectativa é a de uma alta de 3%, ante os 2,3% previstos em abril e os 1,3% previstos no início do ano.

"Vejo uma perspectiva melhor no segundo semestre em função de um conjunto de variáveis", afirmou nesta segunda o presidente da CBIC, Renato Correa.

O otimismo dos representantes do setor é sustentado por três grandes fatores:

  • A melhora da conjuntura econômica do país;
  • O estímulo governamental à indústria da construção;
  • A disponibilidade de recursos com baixo custo de captação - e isso tem tudo a ver com a rentabilidade dos seus investimentos.

Emprego e PIB devem ajudar a impulsionar compra de imóveis

O primeiro conjunto de variáveis que ajuda a explicar o otimismo do setor de construção é o desempenho da economia brasileira.

Em primeiro lugar, a expectativa do PIB para este ano passou de uma alta de 1,85% em março para 2,15%. Como o PIB da construção é uma fatia desse número, a tendência é que ele também se beneficie de uma melhora geral.

Soma-se ao PIB o fortalecimento do mercado de trabalho neste ano, com a geração de mais de 1 milhão de novas vagas com carteira assinada.

Por fim, a queda das taxas de juros nos últimos meses - embora ainda sigam altas - ajudaram no acesso aos financiamentos imobiliários, ampliando o poder de compra da população.

‘Torneira aberta’ do Minha Casa Minha Vida facilita a aquisição da casa própria

O segundo grupo de fatores que deve seguir beneficiando o setor de construção nos próximos meses é o estímulo governamental.

O carro-chefe é o programa Minha Casa Minha Vida, cuja injeção de recursos aumentou após a ampliação das faixas de renda atendidas, bem como com a definição de tetos mais altos aptos a contar com os subsídios.

Outra iniciativa federal que deve ‘turbinar’ a construção civil,na visão da CBIC, é o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), voltado para obras de infraestrutura.

Captação de baixo custo — ou investimentos que rendem pouco — também ajudam na construção civil.

Por fim, o terceiro pilar que animou a CBIC foi a melhora da disponibilidade de recursos com baixo custo de captação - o FGTS e a poupança.

Segundo a entidade, a liberação de recursos do Fundo de Garantia teve um forte crescimento e deve seguir na mesma toada.

Já a captação da poupança voltou a registrar um crescimento discreto após saldos líquidos negativos registrados em sequência. Na visão da CBIC, isso é reflexo da queda da taxa Selic, já que o “spread” entre Selic e poupança caiu.

A poupança e o FGTS, conhecidos por sua rentabilidade ruim, são duas das principais fontes de recursos para o setor imobiliário. É esse retorno baixo, inclusive, que permite que o financiamento imobiliário não tenha taxas ainda mais altas do que as já praticadas no mercado.

No caso da poupança, mesmo com a queda dos juros, seu custo será sempre inferior aos juros de mercado, já que, na melhor das hipóteses, ela rende 70% da Selic + TR.

Já o FGTS, que rende 3% + TR (caso seja inferior à inflação, ele rende o IPCA pela nova regra), também não se mostra o produto mais atrativo em termos de rentabilidade, o que ajuda a baratear o custo de captação.

Por conta disso, quanto mais recursos aplicados nessas fontes, maior a disponibilidade de dinheiro para financiamentos. Na outra ponta, quanto menos essas fontes pagam, mais baratos ficam os financiamentos. Nos dois casos, há um forte estímulo à construção.


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