A nova tendência imobiliária: poucos metros, muitos investidores

em O Globo, 29/julho

Os juros altos ainda são obstáculo para o sonho da casa própria, mas não têm conseguido frear o apetite de investidores por imóveis compactos que, tão logo entregues, são oferecidos em plataformas como Airbnb. E, entre investidores e turistas, a demanda tem movimentado o negócio de intermediários desse filão.

Só este ano, a startup Lobie calcula que o Rio ganhará pelo menos 4 mil novos “estúdios” — espécie de quitinete gourmetizada. São apartamentos lançados em novos empreendimentos localizados sobretudo entre o Centro e a Zona Sul, além de algumas unidades em Niterói e na Barra da Tijuca. O Valor Geral de Venda (VGV) desse novo estoque — ou seja, quanto os investidores estão tirando do bolso — é estimado em R$ 1,9 bilhão pela Lobie.

A startup já se associou às incorporadoras desses empreendimentos para descolar o contrato de administração dos prédios. E a estratégia tem sido se posicionar, já no ato da compra, como a administradora preferencial para investidores cuja meta é alugar os apartamentos para estadias de curta duração.

Conversão

A empresa já se associou à conversão de oito hotéis em residenciais com serviços e unidades compactas, somando 760 apartamentos. Entre eles está o antigo Hotel São Francisco, na esquina da Avenida Rio Branco. O Opportunity Imobiliário transformou o prédio no residencial Casa Mauá e vendeu praticamente todas as unidades no lançamento, no ano passado.

Na sexta-feira, a Lobie participou do lançamento do Sal Rio Residencial, do Grupo CTV e da Pilar Capital, que vendeu 90% das unidades no primeiro dia, movimentando R$ 58 milhões. O imóvel fica no bairro da Saúde, ao lado da Pedra do Sal, um dos principais pontos turísticos da boemia carioca. No passado, o prédio pertenceu a Assis Chateaubriand e abrigou as redações de “O Jornal” e “Diário da Noite”.

— Lares compactos são cada vez mais demandados em uma cidade cosmopolita, turística e urbana como o Rio. Nossa tese é combinar condomínio enxuto e rentabilidade para quem compra para investir — diz o diretor financeiro da Lobie, Victor Tulli.

Fundada em 2021, a Lobie é subsidiária da incorporadora GGP, de Ernesto Otero e que também tem sob seu guarda-chuva um negócio “tradicional” de administração imobiliária, a Administradora Nacional.


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