Alto padrão tem o melhor ano da história, de novo!
em Valor Econômico, 6/dezembro
Pesquisa e dados de agências imobiliárias especializadas nos segmentos de luxo e superluxo apontam um desempenho espetacular em 2024. Embalado pelo agronegócio, o Centro-Oeste vive um boom imobiliário e foi a locomotiva do ano.
O ano ainda não terminou, mas fontes do mercado garantem que 2024 foi o melhor da história do alto padrão imobiliário no Brasil. Indicadores como número de lançamentos, unidades comercializadas e volume geral de vendas (VGV) registraram crescimento em quase todas as regiões. Na capital paulista, o principal mercado do país, a performance só não foi melhor devido ao atraso na assinatura do decreto municipal que regulamentou a outorga onerosa, o que atrapalhou a oferta de novos produtos.
No contexto nacional, imóveis das categorias luxo e superluxo (acima de R$ 1,5 milhão e de R$ 3 milhões, respectivamente) cresceram 10% no número de unidades e de valor geral lançados. O volume de unidades dessas categorias vendidas nas cinco regiões brasileiras saltou 20,8% em relação a 2023 e resultou em R$ 29,2 bilhões de VGV (18,2%).
Os dados são referentes ao período de janeiro a setembro e integram o estudo “Mercado imobiliário de luxo nacional”, recém-publicado pela Brain Inteligência Estratégica. “Este tem sido o melhor ano da História para o mercado de alto padrão no Brasil”, afirma Fábio Tadeu Araújo, CEO da consultoria.
Para ele, dois fatores justificam esse resultado: PIB crescendo 3% ao ano, em média, desde 2021; e apelo por qualidade de vida ainda muito forte na tomada de decisão na hora de comprar um novo lar. “O comprador do alto padrão são empresários, na maioria, que estão lucrando mais nos últimos anos. Além disso, o desejo de viver melhor e com mais bem-estar, despertado pela pandemia, persiste até hoje”, analisa Araújo.
O Centro-Oeste tem papel fundamental nesse fenômeno. Apenas no terceiro trimestre, a região teve aumento de 83% no volume de unidades de luxo e superluxo lançadas na comparação com o mesmo período do ano anterior. As vendas nos dois segmentos subiram 62,6%, chegando a um VGV 74% superior.
O CEO da Brain diz que o Centro-Oeste vive um boom imobiliário nos últimos anos, com explosão de lançamentos e valorização meteórica do metro quadrado. “Tem a ver com a concentração da riqueza do agronegócio, que movimenta o mercado de alto padrão em capitais como Goiânia, Cuiabá e Campo Grande”, explica.
Desempenho de SP
Os maiores números absolutos observados no período do estudo são da Região Sudeste, que, até setembro, contabilizava 19,2% a mais de unidades lançadas (4.667). O volume geral de lançamentos foi de R$ 14 bilhões, 19,6% acima do mesmo período de 2023. As vendas cresceram 12,3%, e o VGV ficou em R$ 15,8 bilhões (14,9%).
O desempenho na região só não foi melhor devido à demora da Prefeitura de São Paulo em assinar o decreto da outorga onerosa. “O assunto só foi resolvido em junho, o que adiou muitos lançamentos para o segundo semestre”, explica Araújo. A pesquisa da Brain comprova isso: no terceiro trimestre, o volume de unidades lançadas na capital paulista cresceu 48,5%, com o VGL quase dobrando de tamanho: cerca de R$ 4,5 bilhões.
Na linha de frente do segmento, as corretoras tiveram resultados robustos no ano. Na Coelho da Fonseca, por exemplo, o volume de vendas cresceu 30% no ano. O ticket médio das propriedades negociadas registrou uma sutil elevação de 6%, chegando a R$ 3,7 milhões. “O mercado manteve-se aquecido, e o comprador está mais decidido do que em 2023. O perfil do cliente desses segmentos não adiou a compra porque vê nos imóveis um ativo com grande potencial de valorização no médio e no longo prazos”, afirma Álvaro Marco Coelho da Fonseca, diretor-executivo da empresa.
Para dar conta do volume de negócios, a corretora aumentou em 30% a equipe de corretores. “Investimos muito na contratação de pessoal e em inovações tecnológicas para ajudar nossos profissionais e melhorar a experiência do cliente”, pontua.
A Esquema Imóveis registrou crescimento ainda maior: 45%. Metade do faturamento foi ancorada na venda de casas em bairros mais nobres da cidade, como Jardim Europa. A outra parte deveu-se ao resultado obtido com a negociação de apartamentos novos no Itaim, no entorno do Parque do Povo e do Clube Pinheiros.
“Com a readequação pós-pandemia de 2023, não esperávamos uma retomada nesse patamar em 2024. Foi um ano superpositivo, com volume de negócios acima da média e muita solidez na assertividade do comprador”, afirma Marco Tulio Vilela Lima, CEO da Esquema Imóveis.
Confiante em 2025, ele anuncia a abertura de uma nova unidade da empresa nos Jardins. “Será um time especializado em vender apartamentos no bairro, cujo mercado deve seguir forte no ano que vem”, aposta.
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