CasaCor Rio explora espaços compactos de lofts e estúdios

em Valor Econômico, 25/outubro

Inspirada na mudança da legislação carioca que passou a permitir imóveis com áreas reduzidas, mostra cria ambientes com plantas a partir de 47 metros quadrados.

A 33ª edição da CasaCor Rio aporta no Fashion Mall, em São Conrado, levando um condomínio para dentro do shopping. São 48 ambientes, distribuídos em seis mil metros quadrados, com vistas privilegiadas para a Pedra da Gávea e o campo de golfe, transformados em lofts, estúdios e áreas de uso comum, emoldurados por muito verde, e com as facilidades e a segurança que um shopping center oferece. Os espaços foram criados por 68 arquitetos e estão abertos à visitação até 24 de novembro.

O foco desta edição são as metragens reduzidas, bem diferentes das áreas generosas habituais, exibidas em edições anteriores. Os 16 lofts e os sete estúdios têm plantas a partir de 47 metros quadrados. A proposta minimalista foi inspirada no novo texto do Código de Obras do Rio de Janeiro, aprovado em 2018, que passou a permitir a construção de apartamentos a partir de 25 metros quadrados — até então, o tamanho mínimo era de 50.

“É algo coerente com o momento vivido nas grandes cidades do mundo, em que mais pessoas estão morando sozinhas e buscam simplicidade para suas vidas”, observa Patricia Mayer, sócia-diretora do evento, ao lado de Patricia Quentel.

A mostra traz ainda áreas de entretenimento com lojas, restaurante e café — 12 deles com acesso livre antes mesmo da compra do ingresso —, além de espaços de uso comum ao condomínio como coworking, lavanderia, home theater e brinquedoteca. As áreas verdes transformam o shopping, trazendo novos ares para os corredores e criando espaços de descanso pra lá de agradáveis.

A brinquedoteca é uma novidade desta edição. Atividades para crianças como maquiagem e contação de histórias são oferecidas em um espaço funcional, em horários predeterminados e com capacidade limitada, sujeita à lotação do ambiente e ao acompanhamento dos responsáveis.

Peças artesanais e feitas à mão estão em alta e podem ser vistas por todos os lados — seja em pequenos objetos de cerâmica, em obras de arte que trazem bordados ou em grandes dimensões. Um exemplo é o Wine Bar, de Pedro Coimbra e Jackson Tinoco, que tem a fachada revestida por um enorme painel de crochê feito por artesãs do Instituto Proeza, de Brasília. Já no Bistrô da CasaCor, de Nando Grabowsky, as paredes são enfeitadas por dois painéis bordados por artesãs mineiras do Instituto Renato Imbroisi.

O sistema de iluminação usado no SPA Praia da Deca, de Paula Neder, promete chamar a atenção dos visitantes ao reproduzir, no interior do ambiente, as condições climáticas do exterior: tempo nublado, chuvoso ou ensolarado.

Ancestralidade & futuro

Com o tema “De presente, 0 agora”, a mostra traz ainda muitas interpretações para nossa relação com o tempo e ambientes cheios de história, como a Casa Raízes do Cerrado, de Natália Lemos. A arquiteta trouxe das cores do Cerrado mineiro, onde foi criada, a inspiração para seu loft que aposta nos tons terrosos, nas biribas e em muitas memórias afetivas. Tem até a tábua de fazer queijo de seu avô transformada em aparador.

Ganha destaque também uma peça que andava esquecida: a cabeceira de cama, com interpretações bem diferentes e interessantes: porcelanato que parece uma pintura feita em cima de madeira desgastada no loft de Marcela Martins; tapeçaria de Mauricio Nóbrega Arquitetura; ou cabeceiras-cavernas que aconchegam, inspiram proteção e prometem dar qualidade ao sono, como as de Fernando Lanner e de Ana Cano.

Em tempos de mudanças climáticas, os brasileiríssimos cobogós mostram que são cada vez mais necessários com sua capacidade de trazer ventilação e iluminação naturais aos ambientes. As peças cimentícias com um toque rústico estão em alta nos ambientes de Paula Neder e de Roberta Nicolau e Ketlein Amorim.


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