Madeira ganha protagonismo em grandes construções
em Valor Econômico, 5/julho
Mercado imobiliário tem adotado o material em projetos de larga escala, e a Olimpíada de Paris 2024 é um bom exemplo disso.
Os Jogos Olímpicos de Paris só começam no final deste mês, mas já é possível dizer quem será uma das grandes estrelas do maior evento esportivo do mundo: a madeira. O material estará presente na estrutura de quase todas as principais edificações — da vila dos atletas a ginásios de competição — e ancora a ideia de fazer desta edição a mais sustentável da história das Olimpíadas.
Um dos prédios mais emblemáticos é o Centro Aquático, local das provas de natação, nado sincronizado e saltos ornamentais, que tem 50% de madeira e outros biomateriais em sua estrutura. O teto será o maior em madeira do mundo, com 90 metros de extensão e 2,7 mil metros cúbicos de material orgânico. Um parque de energia solar de cinco mil metros quadrados instalado sobre ele vai abastecer parte do complexo.
No interior, bares e restaurantes foram construídos com resíduos da obra. Já os cinco mil assentos para os espectadores são feitos de plástico 100% reciclado, coletado de escolas da cidade.
O Village des Athletes ocupa uma área de 500 mil metros quadrados em Seine-Saint-Denis, região industrial ao norte de Paris, com galpões antigos que, em parte, foram retrofitados.
A vila é composta por 82 edifícios residenciais, com três mil apartamentos preparados para receber 14 mil atletas olímpicos e oito mil paralímpicos. A maioria dos prédios foi feita com vigas de aço e “woodframe” envelopando as fachadas, o que reduz a pegada de carbono em 30% na comparação com o método construtivo tradicional.
A partir de novembro, após o evento, a vila será devolvida à cidade como um novo bairro sustentável, com três hectares de parques e sete de jardins. As residências, praças, escritórios e 3,2 mil metros quadrados de lojas nas fachadas ativas devem abrigar seis mil residentes e gerar seis mil vagas de emprego.
Os apartamentos serão direcionados a programas de moradia social (30%) ou ofertados no mercado imobiliário (70%). “O governo francês determinou que os prédios tivessem plantas reversíveis para ter flexibilidade de uso com o tempo”, explica o arquiteto Gui Sibaud, sócio-fundador do escritório franco-brasileiro Tryptique, responsável por um dos blocos residenciais da vila.
Segundo ele, alguns apartamentos serão escritórios, e outros poderão ser aumentados ou reduzidos, conforme a necessidade. “A partição programática, com lojas e escritórios nos prédios, também ajudará a diversificar o fluxo de pessoas depois do evento”, diz Sibaud.
Quanto ao uso da madeira, o arquiteto afirma que foi essencial para que os projetos cumprissem a cota de carbono estipulada pelo governo francês. “Os Jogos Olímpicos serão uma boa vitrine para incentivar o uso da madeira na construção civil”, avalia.
O arquiteto Luciano Aguiar, sócio da ITA Engenharia em Madeira, concorda. Para ele, os Estados Unidos, o Canadá e os países da Europa têm aceitado há mais tempo o uso da madeira no setor. “Essa barreira cultural já foi vencida”, diz. Especialista no uso do material, Aguiar acredita que agora a tendência comece a ganhar força também no Brasil — país que não tem excelência no assunto, mas é prodígio em tecnologia florestal, que permite ter jazidas de madeira de reflorestamento para exploração contínua.
América Latina
A maior construção em madeira da América Latina é da ITA: a Escola Moradas Infantis Canuanã, da Fundação Bradesco, no Tocantins. Projeto da Rosenbaum + Aleph Zero tem 25 mil metros quadrados e serve de moradia temporária para os estudantes da região, filhos de ribeirinhos e índios.
“Como fica em uma região distante, optamos por kits de madeira engenheirada, que foram transportados e montados no local em oito meses. Isso tornou o projeto mais acessível financeiramente”, explica.
O arquiteto destaca que, além da vantagem financeira, a madeira atende sobretudo à questão da sustentabilidade. “Uma laje de mil metros de madeira retém cerca de cem toneladas de carbono. E, diferentemente do concreto e do aço, é um recurso renovável e de cadeia de baixo consumo energético.”
Por dentro do mercado
Mastercasa Itaipava tem patrocínio da Cras Madeira
A Cras Madeira patrocina o Mastercasa Itaipava 2024, que começou ontem e vai até 11 de agosto, em Petrópolis, na região serrana do Rio. O evento ocupa uma residência colonial dos anos 1970, com jardins e árvores centenárias, cercada de Mata Atlântica. Em seus ambientes, arquitetos mostram tendências e inovações com foco na sustentabilidade. A Cras terá um “lodge” de inverno na área externa.
Lançada a segunda fase do Lindenberg Ibirapuera
Eztec e Lindenberg estão lançando a torre Design Tower, segunda fase do Lindenberg Ibirapuera. O empreendimento é resultado de joint-venture entre as duas construtoras e tem VGV de mais de R$ 650 milhões, incluindo a primeira fase, lançada no ano passado: a Art Tower. O projeto inspirado em residenciais internacionais arrojados é do art designer uruguaio Carlos Ott.
Prédio em Itaoema terá pub com vista para o mar
O Edify One, em Itapema, litoral de Santa Catarina, destaca-se pela oferta de comodidades para os moradores, com área de lazer de 2,7 mil metros quadrados ocupando dois pavimentos. O empreendimento tem 140 metros de altura, com apartamentos que variam de 227 a quase mil metros quadrados. O preço vai de R$ 9,5 milhões a R$ 40 milhões. Um dos destaques é o pub com sacada e vista para o mar.
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