Quem são e quanto faturam os corretores de luxo que fazem sucesso ao mostrar mansões; comissões passam de R$ 6 milhões
em G1, 21/julho
Mônica Poplawski e Lucas Felt, que acumulam milhões de visualizações ao mostrar curiosidades das mansões, recebem uma comissão de 6% por cada imóvel que vendem. Os corretores também explicam as dificuldades que enfrentam no setor.
Suítes de 200 m², garagem com 18 vagas, área de SPA e até banheiro com decoração da Versace - uma grife italiana. Esses são alguns dos luxos que compõem uma mansão de R$ 110 milhões que chamou a atenção da web.
O imóvel, que fica em um condomínio em Alphaville, na Grande São Paulo, é tão sofisticado que também virou motivo de disputa entre corretores imobiliários, que podem ganhar uma "bolada" de comissão.
É que os vendedores podem receber uma gratificação de 6% sobre o valor da propriedade, o que equivale a R$ 6,6 milhões. Se o corretor não for independente, esse montante pode ser dividido com a imobiliária ou outros envolvidos no acordo.
️ Mas não se deslumbre! A venda de imóveis de alto padrão é um ramo de mercado difícil de atuar e que envolve persistência, segundo os corretores (entenda mais abaixo).
A mansão "Diamante", por exemplo - mesmo sendo anunciada por vários profissionais - já completou dois meses sem um novo dono.
O g1 conversou com dois corretores, que fazem sucesso ao mostrar casas milionárias na internet, para entender como funciona e quanto é possível faturar com a venda de imóveis de alto padrão.
Mônica Poplawski, que se apresenta como "a corretora de milhões", tem mais de 800 mil seguidores no Instagram e TikTok. Os conteúdos dela são diretos, sem trilha sonora e guiam o público por dentro das mansões mais caras da Grande São Paulo.
No Youtube a história é outra. A corretora publica vídeos com superproduções e exibe um comportamento mais descontraído, como tocar piano. Os conteúdos chamam tanto atenção que já são objeto de "react" - vídeos de reações - nas redes.
Já Lucas Felt, que soma 785 mil seguidores nas redes sociais, é conhecido como o "corretor dos famosos". Entre seus clientes estão jogadores de futebol e influenciadores digitais como Igor Coronado e Viih Tube.
Como se tornar um corretor de alto padrão?
Antes de viralizar com vídeos de casas luxuosas, Mônica trabalhava com a venda de pedras de mármore. A mudança de carreira aconteceu em 2017, quando ela passou a fazer a corretagem de imóveis populares, com aluguéis que custavam entre R$ 2 mil e 3 mil.
A transição para o mercado de alto padrão ocorreu durante a pandemia da Covid-19, tendo em vista o aumento da procura por casas maiores e distantes dos grandes centros urbanos.
"Não é fácil entrar no ramo de luxo porque ele exige muita indicação (...) A maioria das vendas acontecem por afinidade e confiança. A pessoa precisa confiar para passar o imóvel. Quem tá de fora pode até conseguir, mas demora um pouco" afirma a "corretora de milhões".
A corretora Mônica Poplawski tem mais de 800 mil seguidores nas redes sociais — Foto: Mônica Poplawski/ Arquivo Pessoal
Isso foi o que aconteceu com Lucas , que começou a carreira de corretor de imóveis cadastrados no "Programa Minha Casa, Minha Vida", do Governo Federal, após a indicação de um amigo.
"O começo foi muito difícil. Quase desisti porque eu fiquei os dois primeiros meses sem vender um apartamento. Só não parei porque depois do primeiro apartamento, vendi outros quatro", lembra.
Assim como Mônica, o "corretor dos famosos" também mudou o foco para o mercado de luxo em 2020. Sem indicações, ele batia de porta em porta para encontrar possíveis clientes na região de Alphaville.
Quanto faturam?
Normalmente, o percentual de corretagem é de 6% do valor total do imóvel, podendo variar de acordo com o estado e o tipo de imóvel.
Na tabela do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis São Paulo, por exemplo, a comissão é de:
- 6% e 8% para imóveis urbanos ou industriais;
- 6% a 10% para imóveis rurais;
- 5% para venda judicial.
Apesar de preferir não citar valores, Mônica afirma que recebe o equivalente a 6% de cada imóvel que intermedia a venda.
Em sete anos de carreira, a mansão mais cara que conseguir vender custava R$ 25 milhões.
Lucas também optou por não citar valores, mas afirma que também recebe o equivalente a 6% de cada imóvel vendido.
Recentemente, o corretor conseguiu vender uma das casas mais caras do Alphaville, que custava R$ 50 milhões.
"É a casa mais cara da história que um corretor conseguiu vender aqui no Alphaville (...) Hoje, consigo vender quatro casas de alto padrão por mês".
Quais são os pontos de atenção?
Apesar da possibilidade de faturar alto com as comissões, o ramo de luxo requer paciência nas negociações.
Por conta dos valores exorbitantes, as negociações podem durar semanas e até meses para se concretizarem, afirmam os corretores.
"É importante ter uma reserva financeira porque, como a jornada do cliente é um pouco mais longa, pode ser que você fique por alguns meses sem vender", explica Lucas.
Outro ponto de atenção, segundo Mônica, é saber diferenciar possíveis compradores de curiosos.
"A gente chama de turismo imobiliário. É a pessoa que só quer fazer uma visita, para conhecer aquela casa, sem ter o poder de compra. Já perdi muito tempo e até dinheiro com isso", desabafa Mônica.
Além disso, por se tratar de um alto investimento, a "corretora de milhões" orienta sobre a análise dos documentos envolvidos no processo de negociação para não ocorrer crimes.
"E não é só a documentação da casa. Antes das visitas, peço o documento do interessado. Isso pode evitar muito desgaste e até problemas com a segurança".
Vale a pena investir nas redes sociais?
Lucas aponta que a produção de vídeos para a internet foi uma ferramenta que o ajudou a se fixar no mercado de luxo. É que, através da repercussão dos conteúdos, ele passou a ficar conhecido na região e conseguir novos clientes.
"Antes, os corretores só usavam as fotos que o proprietário mandava. Comecei a inovar mostrando minha rotina e os imóveis e deslanchou. Foi muito rápido", conta Lucas, que produz conteúdos diferentes para cada tipo de rede social.
3 de 3 Mansão de R$ 110 milhões tem suítes de 200 m² e garagem com 18 vagas — Foto: Mônica Poplawski/ Divulgação
Mansão de R$ 110 milhões tem suítes de 200 m² e garagem com 18 vagas — Foto: Mônica Poplawski/ Divulgação
A estratégia se dá pela mudança de perfil dos usuários. Segundo ele, vídeos com apelo à curiosidade rendem mais no TikTok, Enquanto isso, o Instagram tem sido usado como um "portfólio", para mostrar sobre o perfil profissional e os negócios de sucesso.
Mônica também utiliza dessa estratégia. No Youtube, por exemplo, ela aposta em vídeos mais longos e bem produzidos.
Na mansão de R$ 110 milhões, os internautas até puderam apreciar um pouco do lado artístico da corretora, que aproveitou para tocar piano.
Para Mônica, o segredo para o sucesso dos vídeos é o "ar convidativo", como se o usuário também estivesse visitando as mansões.
"Não é todo mundo que assiste que vai comprar uma mansão. Ver os vídeos é o máximo que muitos vão conseguir de ficar perto de uma mansão. Então, a gente meio que tira essa curiosidade, torna esse sonho acessível", completa Lucas.
Quais são as formações exigidas?
A profissão de corretor de imóveis é regulamentada através da Lei Federal n° 6.530/78, que prevê a obrigatoriedade da formação em Técnico em Transações Imobiliárias ou de Tecnológico de Ciências Imobiliárias/Gestão de Negócios Imobiliários.
Concluído o curso e obtido o respectivo diploma devidamente regularizado, o interessado precisa solicitar o registro de sua inscrição definitiva. Para isso, basta protocolar o pedido na sede do Conselho Regional (CRECI) ou na Delegacia Regional mais próxima do seu domicílio.
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