Mapa lista lançamentos com preços mais altos da capital

em Valor Econômico, 11/outubro

Apartamentos à venda em bairros nobres reúnem projeto arquitetônico irretocável, plantas generosas e proximidade com escolas, clubes tradicionais e eixos econômicos.

Um levantamento recente da agência imobiliária de alto padrão Mbras apontou quais são atualmente os apartamentos novos mais caros à venda na capital paulista. Esses imóveis têm em comum a combinação de endereços estratégicos, a proximidade com rede de serviços premium, ótimas escolas, clubes sociais e parques, além de arquitetura sofisticada.

Na Avenida Cidade Jardim, Zona Oeste da capital paulista, ficaria a cobertura mais valiosa à venda na cidade: a do edifício Arbórea Itaim. Entregue neste mês pela Benx Incorporadora, o imóvel é vizinho do Empório Santa Maria — um mercado voltado para a Classe A — e está a poucos passos do Parque do Povo e do polo econômico da Faria Lima.

Com cerca de 1,4 mil metros quadrados, cinco suítes e vista única de toda a região, a cobertura está avaliada em R$ 140 milhões. Já as unidades-tipo no mesmo prédio, com 472 metros e quatro suítes, estão disponíveis por R$ 25 milhões. “É um projeto icônico com interiores assinados pelo estúdio do arquiteto italiano Piero Lissoni. É o primeiro trabalho dele no Brasil”, diz Lucas Melo, fundador da Mbras.
O mapa traz ainda os clássicos edifícios Chateau Lafite e Margaux, na Praça Pereira Coutinho, na Vila Nova Conceição, com metro quadrado acima de R$ 80 mil. E os residenciais do Complexo Cidade Jardim, na Zona Sul, em que o metro quadrado já teria superado a casa dos três dígitos.

“Nesses endereços, a proximidade de áreas de lazer privadas ou públicas, escolas internacionais e serviços de qualidade potencializa muito o valor dos imóveis”, explica Melo.

Entre os apartamentos novos prontos ou em lançamento, que estão disponíveis nos sites das principais corretoras da cidade, o nível do entorno também influencia o preço final. Na plataforma da Bossa Nova Sotheby’s International Realty, por exemplo, há nove empreendimentos com unidades anunciadas acima dos R$ 15 milhões — todos em bairros com excelente qualidade de vida.

O grupo começa com o Edifício Ibaté, em Moema — projeto de Arthur Casas para a Cáucaso Construtora, com apartamentos de quatro suítes de 479 metros quadrados, ao lado do Parque do Ibirapuera —, e termina com um apartamento no Vizcaya Itaim, de 541 metros e preço sob consulta. Logo abaixo deste, vem uma residência no Bueno Brandão 257, da Tegra Incorporadora, na Vila Nova Conceição: são 500 metros quadrados e cinco suítes, avaliados em R$ 28,3 milhões.

“De maneira geral, as vendas no alto padrão cresceram 40% no primeiro semestre deste ano. Mas chamou bastante a atenção dentro da empresa o aumento de 56% no volume de transações das propriedades mais caras da cidade no mesmo período em relação a 2023, algo em torno de R$ 15 milhões”, comenta Marcello Romero, CEO da Bossa Nova.

Comparativo

Embora em tendência de alta, a valorização do segmento de topo em São Paulo ainda está abaixo da verificada em outras capitais imobiliárias mundo afora, conforme demonstra a pesquisa Prime International Residential Index 2024, realizada pela consultoria de inteligência de mercado britânica Knight Frank.

Entre as cem cidades monitoradas no estudo, a metrópole paulista ficou na 35ª posição, com valorização de 4,7% dos imóveis residenciais AAA. A performance ficou abaixo de outros grandes centros urbanos como Dubai (15,9%), Xangai (8,6%), Miami (6,5%) e Cidade do México (6%).

Contudo, São Paulo esteve acima de cidades mais famosas como Roma (4,5%), Barcelona (2,7%), Paris (2,5%) e Lisboa (2,2%). Já Nova York registrou índice negativo nos 12 meses do ano passado, com os preços caindo 2%, de acordo com a consultoria.

“Isso mostra o longo caminho de crescimento que São Paulo ainda tem pela frente. Embora o PIB da cidade não esteja tão abaixo desses outros centros, a questão do câmbio afeta muito os preços no mercado global”, comenta Lucas Melo.

Segundo o executivo, existe uma “valorização na mesa” em São Paulo que começa a ser percebida por investidores internacionais. “Basta ver a chegada dos novos hotéis e das marcas estrangeiras que têm assinado parcerias com incorporadoras. A circulação de pessoas de fora do país também aumentou bastante nos últimos anos, o que revela uma internacionalização da cidade”, avalia.

Fora da bolha

Além da oportunidade de preço mais atraente, outro fator tem validado os negócios no “real estate” paulistano para investidores internacionais: o baixo risco de bolha imobiliária.

De acordo com o relatório UBS Global Real Estate Bubble Index, publicado em setembro, a capital paulista é a que apresenta o menor risco de experimentar o fenômeno entre as 25 cidades avaliadas em todo o mundo.

Em síntese, o documento afirma que os imóveis na cidade ainda têm preço real 20% abaixo do pico verificado em 2014. Além disso, embora a demanda por propriedades em boas localizações tenha aumentado — a reboque da expansão econômica do Brasil nos últimos anos —, as taxas de juros no país têm se mantido elevadas, o que diminuiria a chance de crescimento insustentável do setor.


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