“Queremos fazer parte do crescimento imobiliário que o mundo tem vivido nos últimos anos”
em Valor Econômico, 11/outubro
Entrevista | Paulo Bacchi, CEO da Artefacto
Paulo Bacchi, CEO da Artefacto, tem motivos de sobra para comemorar neste segundo semestre: a marca fundada por seu pai, Albino Bacchi, em 1976, acaba de inaugurar sua primeira “flagship” em Nova York, na Madison Avenue, que será comandada por seus dois filhos gêmeos, Bruno e Pietro, de 27 anos, a terceira geração da família. Não bastasse, a companhia anunciou dois novos empreendimentos imobiliários com a sua assinatura no Brasil e nos EUA, consolidando o crescimento da companhia em um novo segmento de negócio.
O que representa a abertura do primeiro showroom em Manhattan?
Paulo Bacchi — É a consolidação da marca como líder no segmento de mobiliário de luxo nos Estados Unidos. Um projeto grandioso com investimento de US$ 5 milhões, 1,5 mil metros quadrados e interiores assinados pela arquiteta Patricia Anastassiadis, o que demonstra nossa determinação em assumir o protagonismo do setor também em Nova York.
A internacionalização da Artefacto começou na Flórida. São mercados muito diferentes?
Nossa primeira loja no exterior foi a de Coral Gables, aberta em 2002. Miami e Nova York são como Rio de Janeiro e São Paulo: a primeira é mais descontraída, e a segunda, sóbria. Isso se reflete nas coleções direcionadas a cada praça.
Quem vai tomar conta da operação em Manhattan?
Meus filhos, Bruno e Pietro, que trabalham na empresa desde os 17 anos. Dez anos depois, vão liderar o showroom nova-iorquino. Estou confiando a loja mais importante da Artefacto às pessoas mais importantes da minha vida.
No mesmo endereço, há concorrentes de peso, como marcas de decoração europeias. Qual a estratégia para enfrentá-las?
A mesma que usamos em Miami. Quando chegamos à Flórida, percebemos que havia uma demanda muito grande por mobiliário de pronta-entrega, porque as pessoas compravam seus apartamentos “second home” e demoravam meses para receber os móveis. Aluguei um depósito, investi na produção de estoque e passei a oferecer a entrega em duas semanas. Deu certo! Faremos o mesmo em Manhattan. Meus concorrentes pedem três meses para entregar: eu, 15 dias.
Temos visto diversas marcas brasileiras de “home design” abrindo showroom em Dubai. É um destino que interessa?
Já estudamos o mercado do Oriente Médio e chegamos à conclusão de que é melhor concentrar nossos esforços no mercado americano, onde já contamos com grande estrutura de estoques e lojas. É uma questão de logística e de lógica: faz mais sentido abrir outra loja nos EUA – na Costa Leste, por exemplo – do que iniciar uma operação totalmente nova em Dubai.
De toda a rede, qual loja tem melhor performance?
Sem dúvida, a de São Paulo, que é o maior mercado de decoração do Brasil. Mas temos nos surpreendido com as lojas posicionadas em cidades associadas ao agronegócio, como Goiânia e Brasília. O showroom de Cuiabá, por exemplo, é o maior da rede e tem performance comercial próxima à da loja de São Paulo.
Recentemente, a sua marca tem surgido em diversas “collabs” com projetos imobiliários.
Esse é um segmento de negócio que lhe interessa?
Há uns seis anos, percebi que as grandes marcas de luxo do mundo começaram a assinar empreendimentos imobiliários em Miami, e me interessei pelo assunto. Em 2021, lançamos nosso primeiro projeto em Santa Catarina, que foi 97% vendido em dois meses.
Depois, em São Paulo, junto com a Helbor: um projeto-butique de 21 unidades, que vendemos quase tudo fazendo um roadshow do empreendimento nas lojas da Artefacto pelo Brasil. No Rio, assinamos toda a decoração do Glória Residencial, no antigo hotel da Zona Sul, em parceria com o Opportunity Imobiliário. Vendemos 70% em um final de semana.
Em 2022, fizemos o primeiro prédio-butique no exterior: o Origin Residences by Artefacto, em Bay Harbour Islands, com 27 unidades e marina própria. Totalmente vendido. Em agosto, lançamos um projeto em Curitiba com 36 unidades, em um bosque dentro da cidade. Além disso, estamos em negociações com alguns resorts no Nordeste também. Nossa marca passou a ser desejada pelo setor imobiliário por sua capacidade de agregar valor aos projetos e acelerar as vendas.
Gostou da “brincadeira” no mercado imobiliário?
Estou gostando muito, claro, de forma muito séria e com muito trabalho e pesquisa antes. As pessoas entenderam que receberão um prédio elegante, decorado pela marca, com crédito para cada morador gastar em uma de nossas lojas.
Quanto este novo negócio já representa do seu caixa?
Temos hoje mais de 1,2 mil unidades by Artefacto, cada uma com direito a 5% do seu valor em créditos nas nossas lojas. Então, essa nova área já representa um grande valor dentro da operação total e tem crescido de maneira muito interessante, ajudando a aumentar a produção dos móveis e consolidando nossa liderança no mercado.
A Artefacto vai virar uma incorporadora?
Não faz parte do nosso DNA, mas a ideia é que a empresa se torne coproprietária em projetos muito pontuais. Queremos fazer parte do crescimento imobiliário que o mundo tem vivido nos últimos anos.
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