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Minha Casa, Minha Vida foi decisivo para crescimento do setor imobiliário até setembro
em Valor Econômico, 23/dezembro
Foram R$ 34,7 bilhões em valor de lançamentos e R$ 43,5 bilhões em valor geral de venda (VGV) no período, no total dos segmentos.
O setor imobiliário conseguiu elevar seus lançamentos em 16% e as vendas em 24%, na comparação do acumulado dos nove primeiros meses do ano com o mesmo período de 2023. O desempenho do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) foi decisivo para isso, com resultados mais fortes do que o setor de média e alta renda.
Segundo o indicador Abrainc-Fipe, feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas para a Associação Brasileira das Incorporadas Imobiliárias, com 20 empresas associadas da entidade, foram R$ 34,7 bilhões em valor de lançamentos e R$ 43,5 bilhões em valor geral de venda (VGV) no período, no total dos segmentos. Os dados foram divulgados na última semana.
As unidades do MCMV foram responsáveis por 61% do valor lançado e 52% do vendido no período. O setor de média e alta renda teve queda de 1,5% no valor dos lançamentos, na comparação com 2023, enquanto no MCMV houve alta de 36,2%.
Em termos de quantidade de unidades comercializadas e lançadas, as empresas do MCMV tiveram altas de 28,8% e 34,4%. Já no setor de média e alta renda, os aumentos foram tímidos, de 0,6% e 1,2%.
O crescimento da taxa de juros pode aprofundar a diferença entre os setores. Em coletiva de imprensa no dia 16, Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), afirmou que os lançamentos para a classe média podem cair em 2025, por causa da dificuldade para o cliente acessar o financiamento imobiliário e também pelos aumentos de custo das obras.
“A alta da Selic é um ponto de atenção, pois dificulta o acesso ao crédito, eleva as despesas financeiras de muitas empresas, especialmente aquelas que dependem do mercado de capitais, colocando em risco sua sobrevivência e, consequentemente, a geração de empregos e renda no país”, comentou Luiz França, presidente da Abrainc, em nota.
Reconhecimento de potencial
As companhias focadas no baixa renda se movimentam para aproveitar o momento mais favorável ao setor. Neste mês, duas das maiores do segmento anunciaram operações parecidas, e com o mesmo objetivo de destravar um valor do negócio que entendem que o mercado não estava captando.
No dia 9, a Direcional anunciou a venda de 7,55% a 15% da Riva, sua subsidiária que atua na faixa superior do programa e logo acima dele, para a gestora Riza, por até R$ 397,5 milhões. No dia 16, foi a vez de a Tenda divulgar que o fundo da Good Karma Partners (GKP) havia assinado acordo para a subscrição de até 6,97% das ações da Alea, sua subsidiária de construção industrializada de casas, em madeira, que atende o MCMV.
Como as operações precificam as subsidiárias, as incorporadoras querem usar esse valor para chamar a atenção do mercado. A Riva foi precificada em R$ 2,65 bilhões, então 50% do valor da Direcional. A Alea, em R$ 1,09 bilhão, 55% do valor da Tenda. Segundo Daniel Lemos, CEO da Riza, a gestora acredita que há “crescimento implícito” na Riva que “não é visto por boa parte dos investidores”.
Rodrigo Osmo, CEO da Tenda, afirmou que “em algum momento, o mercado vai ter que mudar o discurso” sobre a incorporadora e deixar de considerá-la um ativo de risco. Se um fundo de private equity apostou na Alea, é indicativo de que veem muito potencial de crescimento, segundo ele.
A Direcional tentou fazer o IPO da Riva em 2020, mas precisou voltar atrás e, de acordo com Gontijo, outra tentativa está descartada. Já a negociação na Alea assegura liquidez para o GKP deixar a sociedade caso não haja um IPO em até seis anos.
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