Projetos ganham paisagismo em prol da causa ambiental
em O Globo / Morar Bem, 20/outubro
Cada vez mais comuns nos empreendimentos de alto padrão, as áreas verdes geram sombras e ajudam a reduzir a temperatura dos ambientes.
A crise climática que atinge o planeta também provoca reflexões no mercado imobiliário. Prédios sustentáveis que consomem menos água e energia, uso de placas solares e reaproveitamento de materiais são práticas cada vez mais comuns nos residenciais de alto padrão. Mas um elemento tem peso diferenciado a favor da causa ambiental no desenvolvimento dos projetos: o paisagismo. Além da função estética, as espécies escolhidas para as áreas comuns dos condomínios podem assegurar sombra e ajudar a diminuir a temperatura ambiente, por exemplo.
As árvores removem o gás carbônico (CO2), um dos principais gases de efeito estufa, por meio da fotossíntese. Também absorvem água do solo e transpiram vapor d’água, o que ajuda a regular a temperatura e a aumentar a umidade local. Cabe lembrar que, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a temperatura no planeta deve subir de 2,5°C a 2,9°C ainda neste século — o que torna fundamental a urbanização com áreas verdes.
Essa é uma lição que a Calper aprendeu e vem replicando em seus empreendimentos na Barra Olímpica. A empresa criou um viveiro de cem mil metros quadrados, em Santa Cruz, onde cultiva árvores que já serão plantadas nos condomínios, já com altura suficiente para fazer sombra. O CEO da empresa, Ricardo Ranauro, diz que os eventos dos últimos anos deixam claro que as incorporadoras não podem mais pensar em paisagismo apenas para embelezar os condomínios.
— Temos que pensar nas áreas verdes como um espaço importante para a saúde física e mental das pessoas. Por isso, abolimos as palmeiras dos nossos projetos, porque, mesmo sendo uma espécie muito característica de projetos paisagísticos na Barra, em referência a Miami, elas não cumprem o papel que desejamos — diz Ranauro.
Argumento de vendas
Projetar um paisagismo mais sustentável está se tornando uma prática cada vez mais comum na rotina das incorporadoras. A Piimo também vem espalhando áreas verdes em seus residenciais, uma iniciativa que acaba servindo ainda como um forte argumento de vendas, já que os próprios compradores demandam espaços mais arborizados. Alguns projetos da empresa são frutos de parceria com o escritório Burle Marx.
— Criar áreas de sombra e ter espécies que vivam muito é uma forma também de permitir que os moradores estejam em um ambiente com mais conforto térmico. Por isso, sempre que possível, criamos cinturões verdes nas áreas comuns, como é o caso do rooftop do Paysandu 23, no Flamengo— afirma o presidente da Piimo, Marcos Saceanu.
O escritório Burle Marx está envolvido também com a renovação do parque do Ilha Pura, bairro planejado desenvolvido pela Carvalho Hosken e recém-adquirido pelo BTG Pactual. Entre outras novidades, o parque, que ocupa uma área equivalente a dez campos de futebol, ganhará mais sombra. As intervenções tiveram o aval da prefeitura e manterão o padrão de uso de espécies nativas. Serão investidos na iniciativa R$ 20 milhões, que incluem também novos equipamentos e áreas de lazer.
A gerente de Incorporação da Carvalho Hosken, Talitha de Abreu Ribeiro, recorda que, embora o Rio tenha orgulho de ser uma cidade espremida entre o mar e a montanha, o que se viu nas últimas décadas foi justamente a diminuição das áreas verdes na cidade, o que tem impacto direto no conforto climático.
— Nosso movimento é no sentido contrário. Estamos renovando o parque do Ilha Pura para criar mais áreas verdes e oferecer mais sombra. Percebemos que há uma tendência no mercado de investir em ações semelhantes — comenta.
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