Vendas de imóveis deslancham nos projetos do MCMV

em Extra, 30/junho

Aumento no número de unidades comercializadas de março de 2023 ao mesmo mês de 2024 chegou a 56,4%.

O mercado de compra e venda de imóveis econômicos está aquecido: entre março do ano passado e o mesmo mês deste ano, as vendas de unidades enquadradas no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) aumentaram 56,4% no país, elevando em 66,4% o volume movimentado pelo segmento econômico no período. Foi observado ainda acréscimo de 43,6% no valor de venda das unidades nos lançamentos. Os dados são da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), divulgados recentemente.

Algumas construtoras têm observado esse aquecimento com base nos negócios fechados nos últimos meses. A Cury diz que o número de vendas em relação ao de lançamentos da empresa no país não deixa dúvidas: as oportunidades crescem tanto para a companhia quanto para os clientes que sonham em ter a casa própria.

— Estamos acompanhando atentamente o movimento do mercado. Os lançamentos feitos neste ano foram um sucesso de vendas, com destaque para o Heitor dos Prazeres Pierrot, na Região Portuária, que foi lançado em abril e já tem mais de mil unidades vendidas, e o Nova Norte Ginga, em Irajá, com mais de 120 vendas em menos de 15 dias de lançamento — conta o gerente Comercial Rio de Janeiro e São Paulo da Cury, Adriano Affonso.

Para ele, a demanda, o aumento da oferta e o alto valor dos aluguéis — que às vezes é similar ao das parcelas do financiamento — são fatores que vêm contribuindo para o aquecimento do segmento econômico. O novo Plano Diretor do Rio, aprovado em 2023, também impactou positivamente o mercado imobiliário fluminense. Mas há desafios nesse processo, afirma Affonso.

— Além da instabilidade econômica, o Rio enfrenta o emprego informal. O crescimento do mercado também aumenta a concorrência, e o desafio da Cury é continuar lançando em regiões com demanda reprimida, ofertando preços competitivos e diferenciais em seus projetos — destaca.

A Direcional também tem observado resultados positivos nos últimos meses, com aumento da procura em todas as regiões em que atua no Rio. Na avaliação do diretor Comercial e de Incorporação da construtora, Adriano Nobre, as mudanças no programa MCMV, como aumento das faixas de renda e do limite do valor das unidades, contribuíram para atrair mais clientes aos estandes.

— Os clientes da faixa 3, com até R$ 8 mil de renda, ainda enfrentam dificuldade para aprovar o crédito para imóveis de R$ 350 mil, que é o limite para a faixa. Muitas vezes, a aprovação só acontece quando o comprador tem um bom valor no FGTS para dar de entrada. Há algo ainda descasado aí.

A construtora também atua nas faixas 1 e 2, para renda familiar a partir de R$ 2,65 mil. Nobre acredita no potencial do FGTS Futuro, que permite o uso dos depósitos que ainda serão feitos pelos empregadores no fundo para pagar as prestações do financiamento.

— É uma novidade que ainda está em fase de maturação. Mas, a partir do momento em que for mais bem compreendido pelos compradores, com certeza será um grande incentivo.

Para o superintendente da Living e da Vivaz, Alain Deveza, o fato de o mercado conseguir viabilizar projetos que atendam à demanda dos compradores enquadrados no Minha Casa, Minha Vida contou positivamente para o aumento das vendas. Esse cliente, segundo ele, quer projetos de qualidade, com boa localização e preço justo. Equilibrar essas necessidades continua sendo um grande desafio.

— A conta precisa ser fechada para a construtora e para o cliente que vai comprar uma unidade. Com o índice dos preços ao consumidor mais estabilizado, as construtoras conseguem equilibrar melhor as contas. Os compradores sempre existiram, mas talvez o mercado não estivesse conseguindo oferecer produtos viáveis para enquadramento nas regras do programa e para atender à demanda. Isso mudou com as últimas atualizações — pondera Deveza.

Nilópolis lidera a procura na Baixada

Em Nilópolis, unidades do Minha Casa, Minha Vida estão sendo vendidas “como água”. A constatação é da Construtora Fluminense, que desembarcou recentemente no município da Baixada Fluminense com o empreendimento Alegria, que terá 80 unidades a partir de R$ 199 mil. Todos os apartamentos foram comercializados em 30 dias após o lançamento, no ano passado.

Para o CEO da construtora, Renato Rabello, foi uma grata surpresa que acabou impulsionando o lançamento ainda neste ano de mais um projeto econômico na região: o Harmonia, que terá 264 unidades. Os 24 estúdios que integram o projeto se esgotaram em apenas uma hora após o lançamento, segundo ele. O Harmonia terá duas torres, com 132 unidades cada.

— Em cerca de 48 horas, os apartamentos de uma das torres foram totalmente vendidos, com preços entre R$ 210 mil e R$ 235 mil. No segundo semestre, vamos chegar a Mesquita, onde lançaremos um empreendimento 100% enquadrado no MCMV, com 264 unidades a R$ 210 mil.

O cenário na Baixada Fluminense também é positivo para a Riviera. O supervisor de Vendas, Vitor Sales, diz que a construtora se beneficiou da falta de lançamentos na região nos últimos anos, e que os clientes abraçaram a oportunidade de comprar um apartamento no Central Park, um bairro planejado em Duque de Caxias.

— Estamos na terceira fase do lançamento, com 480 unidades. Todos os apartamentos da primeira e da segunda etapas já foram vendidos.


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