Vendas de imóveis em estoque vão bem, enquanto lançamentos oscilam

em Valor Econômico, 25/julho

No primeiro semestre, as companhias de média e alta renda foram afetadas por atrasos na aprovação de novos empreendimentos por parte da prefeitura de São Paulo.

As prévias operacionais das incorporadoras, divulgadas neste mês, mostram que a demanda por imóveis novos permanece elevada.

Levantamento realizado pela equipe de analistas do ItaúCotação de Itaú BBA aponta um aumento consolidado no valor das vendas líquidas de 6% para as incorporadoras de média e alta renda, e de 33% para as empresas que atuam no segmento econômico, do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Esses dados são em relação ao segundo trimestre de 2023.

Há mais um incremento de vendas na comparação com o primeiro trimestre deste ano, de 10% para as incorporadoras de média e alta renda e de 21% para aquelas que atuam no MCMV.

Em relatório, os analistas destacam que a performance operacional das incorporadoras no trimestre reforça a visão positiva do banco sobre o setor, “apesar dos desafios macroeconômicos”.

A manutenção da taxa Selic em 10,5% ao ano é um dos desafios enfrentados pelas empresas de média e alta renda. No MCMV, os consumidores conseguem comprar as unidades com taxas especiais de juros, de 4% a 8,16% ao ano.

Os lançamentos subiram no segmento econômico, impulsionados pelas condições atuais do programa habitacional. A alta consolidada foi de 40% na comparação anual e de 44% na trimestral. Já no setor de média e alta renda, houve queda de 37% no valor dos lançamentos, em relação ao segundo trimestre do ano passado. Sobre o início deste ano, não houve grande movimentação.

O ritmo menor de lançamentos na média e alta renda teve efeito positivo sobre o estoque de unidades novas disponíveis para compra. O prazo para consumo de todo o inventário disponível caiu de cerca de 19 meses para 14 meses, menor patamar desde 2021, destaca a equipe de análise do Itaú BBA.

Há expectativa de recuperação de lançamentos no segmento de média e alta renda.

O analista de mercado imobiliário do Goldman Sachs, Jorel Guilloty, afirma que a administração da Cyrela está “confiante” sobre uma recuperação dos lançamentos até o final do ano. A empresa teve redução de 59% nos lançamentos na comparação anual e de 13% na comparação trimestral.

No primeiro semestre, as companhias de média e alta renda foram afetadas por atrasos na aprovação de novos empreendimentos por parte da prefeitura de São Paulo.

Mudanças do Plano Diretor municipal e da Lei de Zoneamento — que passou pela segunda revisão seguida e aguarda sanção do prefeito Ricardo Nunes — atrapalharam o andamento das aprovações, porque faltava um entendimento sobre a cobrança de outorga onerosa, taxa paga por incorporadoras para construírem acima dos limites básicos definidos pelo regramento urbanístico.

Em junho, a Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL) comunicou que o atraso nas aprovações já havia sido resolvido.


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