Preço do imóvel sobe R$ 310 por metro quadrado no 1° semestre; veja quanto custa em cada cidade
em Estadão, 27/julho
Mercado aquecido com a queda de juros iniciada há um ano tem mais compradores do que moradias disponíveis, o que leva ao aumento de preços, explicam especialistas.
O preço médio do metro quadrado de imóveis residenciais ficou R$ 310 mais caro no primeiro semestre no País, de acordo com dados do Índice FipeZap de junho. Em termos percentuais, a alta foi de 3,56% em 2024 até agora, e de 6,17% em 12 meses. O aumento de preços no mercado imobiliário neste ano tem tendência de superar a inflação, prevista pelo Banco Central para 4,05%. A inflação acumulada nos últimos 12 meses é de 4,23%.
O preço médio de venda de propriedades residenciais foi de R$ 8.710 para R$ 9.020 por metro quadrado no primeiro semestre, com destaque para os imóveis de um dormitório, que tiveram o preço médio mais elevado (R$ 10.662), em contraste com o menor valor identificado entre unidades com dois dormitórios, R$ 8.094. Entre as capitais, Vitória apresentou o valor médio por metro quadrado mais alto, seguida de perto por Florianópolis e São Paulo.
Entre as cidades, os maiores aumentos de preços no primeiro semestre ocorreram em Curitiba (+10,13%), São José dos Campos (+9,76%) e João Pessoa (+7,70%).
Já os preços que mais subiram em valores absolutos do metro quadrado foram Barueri, onde ficou R$ 902 mais caro; Curitiba, R$ 897; e Itajaí, R$ 794.
Em São Paulo, o aumento de preço no semestre, de 3,16%, levou o valor do metro quadrado a superar R$ 11 mil pela primeira vez. No Rio, a alta foi de 1,25%, elevando o preço a R$ 10.101.
Balneário Camboriú tem o maior preço de metro quadrado do País Foto: Divulgação/Prefeitura de Balneário Camboriú
A economista do DataZap, Paula Reis, afirma que o aumento de preço do primeiro semestre no País indica que o mercado imobiliário está aquecido. No mesmo período em 2022, a alta de preços foi menor, de 2,54%.
“O movimento verificado nos primeiros seis meses de 2024 é reflexo de alguns fatores que beneficiam o segmento de compra e venda, como a redução da taxa básica de juros da economia (a Selic, que em julho de 2023 estava em 13,75%, um ano depois está em 10,50%) e o fortalecimento do segmento econômico, com o Minha Casa Minha Vida”, diz.
Sobre as cidades com os maiores aumentos de preços, Paula acredita que as motivações tenham sido investimentos públicos para melhoria da infraestrutura e qualidade de vida para a população, o que também tende a atrair empresas que geram emprego.
“A cidade paulista de São José dos Campos tem um histórico recente de investimentos em infraestrutura urbana, como o projeto de revitalização da região central, Urbaniza Centro. Tais investimentos tendem a valorizar os imóveis localizados nas áreas alvo. Houve também investimento para atrair novas empresas, que se somam às grandes já existentes no município. A chegada de novas empresas gera novos postos de trabalho, que, consequentemente, atraem novos moradores, que, por sua vez, podem buscar por imóveis residenciais à venda. O caso de Curitiba é semelhante ao de São José dos Campos, pois há várias obras rodoviárias em andamento que beneficiam o município”, afirma a economista.
Apesar de não estar no topo dos aumentos de preços do País, o valor do metro quadrado na capital paulista no primeiro semestre subiu acima do INCC (2,80%) e do IPCA, a inflação oficial (2,48%). O coordenador do curso de negócios imobiliários da FGV, Alberto Ajzental, afirma que a situação do aumento de preços na cidade de São Paulo é particular, devido ao freio nos lançamentos de empreendimentos para classe média e alta renda por causa da discussão do Plano Diretor. Isso causou um salto de preços, bem como uma redução dos estoques das construtoras.
Preço do aluguel
Para Ajzental, o aumento dos preços de aluguéis no País, que foi de 8,02% no primeiro semestre, é uma consequência natural da elevação do nível de preços de imóveis. “É o aumento do preço do novo e do usado que acaba influenciando no aumento do aluguel. Isso acaba dificultando o processo de compra. Amplia-se a distância entre a renda familiar e o preço do produto, e a alternativa é alugar uma moradia”, afirma.
Em termos de preços, os municípios com o metro quadrado mais caro do País são Balneário Camboriú (R$ 13.259), Itapema (R$ 12.962), Vitória (R$ 11.349), Florianópolis (R$ 11.340), Itajaí (R$ 11.284) e São Paulo (R$ 11.011).
Segundo especialistas, os preços de imóveis no litoral catarinense se mantêm altos e subindo mais devido a empreendimentos voltados para o consumidor de alta renda, especialmente em Balneário Camboriú e em seu entorno. Nomes como FG Empreendimentos e GT Home & ABC têm projetos na região.
Além dos lançamentos de alto padrão no litoral de Santa Catarina, a limitação da extensão territorial das cidades provoca movimentos de aumento de preços mais intensos do que a média, diz Paula. A cidade de Balneário Camboriú é um ponto fora da curva no mercado imobiliário nacional e acaba atraindo compradores de todo o País, assim como de outros países, observa Ajzental.
Imóveis novos
O DataZap, unidade de inteligência do Grupo OLX, desenvolveu um novo relatório de preços chamado Índice de Lançamentos Imobiliários, focado apenas em imóveis novos. Segundo dados da primeira versão do estudo, que abrange o segundo trimestre deste ano, o preço mediano do metro quadrado dos lançamentos imobiliários foi de R$ 10.865 entre as 11 cidades analisadas. O aumento de preço em 12 meses foi de 4,83%, o que significa um aumento de R$ 501.
Ou seja, um imóvel de 50 m² custa hoje, na planta, R$ 540 mil. Antes, era R$ R$ 518 mil.
Por essa métrica, que exclui os preços de anúncios de imóveis usados, diferentemente do que acontece como o FipeZap, o maior preço de metro quadrado de imóvel novo no País é em Florianópolis, com R$ 18.369. São Paulo teve preço de R$ 11.910, queda de 1% em 12 meses, enquanto Curitiba teve alta de 10%, indo a R$ 11.850.
O maior movimento de pessoas querendo comprar imóveis, combinado com uma oferta que não cresceu na mesma proporção, faz com que os preços subam
Leilões de imóveis
O CEO da plataforma de leilões Zuk, Henri Zylberstajn, afirma que os preços dos imóveis no País têm crescido devido ao momento do mercado, especialmente, devido à queda da taxa de juros, que aumenta a demanda vinda do consumidor enquanto a oferta não acompanha o mesmo ritmo.
“O maior movimento de pessoas querendo comprar imóveis, combinado com uma oferta que não cresceu na mesma proporção, faz com que os preços subam. Foi isso que motivou o aumento de preços nos últimos 12 meses. Outro fator é que, nos últimos seis meses, o dólar disparou, e o mercado imobiliário em grandes centros, como São Paulo e Santa Catarina, ficou muito barato em relação aos preços do mundo todo, como Nova York ou Dubai. Com o dólar alto, fica ainda mais barato para o investidor estrangeiro comprar imóveis no Brasil”, afirma.
Zylberstajn diz ainda que o aumento de preços praticados no mercado imobiliário aumenta a atratividade da compra em leilões de imóveis, uma vez que a diferença de preços fica maior. Em geral, o desconto que pode ser encontrado em leilões chega a 70%. “A definição de preço não leva em consideração o valor de mercado, mas sim o valor da dívida do imóvel. Ou seja, imóveis de leilão se tornam oportunidades ainda maiores.”
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