Censo 2022: uma em cada cinco pessoas já mora de aluguel
em Extra, 12/dezembro
Número de brasileiros que vivem em casas alugadas cresceu 8,6 pontos percentuais em 22 anos. Moradia própria perde espaço.
Um em cada cinco brasileiros (ou 20,9% da população) mora em casas alugadas. É o que revelam os dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira. Doze anos antes, quando foi feita a última pesquisa, essa proporção era de 16,4%. Ou seja, a casa própria vem perdendo espaço no país.
Em 2022, sete em cada dez pessoas (72,9% da população) viviam em casas próprias - seja um lar já pago por um dos moradores, herdado, ganho ou que ainda estivesse sendo quitado. Essa proporção em 2010 era maior: 75,2%. Dez anos antes, em 2000, chegava a 76,8%.
Já o percentual de pessoas que moravam em casas alugadas cresceu ao longo dos anos, subindo de 12,3% em 2000 para 16,4% em 2010 até 20,9% em 2022. Apesar da perda de espaço da casa própria, o percentual de pessoas que viviam nesse tipo de residência superava 50% na maioria dos municípios brasileiros em 2022, mais especificamente, em 5.553 cidades.
Pico na faixa de 25 a 29 anos
O percentual de pessoas que moram de aluguel atinge um pico entre pessoas de 25 a 29 anos, apontam os dados do Censo. Nessa faixa etária, três em cada dez (30,3%) moram em residências alugadas. A proporção começa a cair a partir dos 30 anos, ficando em 20,2% na faixa de 40 a 44 anos.
Segundo pesquisadores do IBGE, esse comportamento é associado ao ciclo de vida. Com o ingresso no mercado de trabalho, a tendência é que os mais jovens saiam da casa dos pais e morem sozinhos. No entanto, as condições financeiras tendem a levar boa parte dos jovens para o aluguel. Em alguns casos, para quem sonha com a casa própria, postergar acaba sendo a alternativa.
É o caso do publicitário Pedro Pires, de 25 anos. Há três ele deixou a casa em que morava com a família em Padre Miguel, Zona Oeste do Rio, para terminar a faculdade em Niterói. À época, empolgado com a possibilidade de morar sozinho, alugou um quarto e sala. Depois de formado, porém, passou a dividir um apartamento de dois quartos com o namorado, o professor Maxi Júnior, de 24, no bairro Riachuelo, na Zona Norte.
— Quando encontramos esse apartamento, a imobiliária estava alugando ou vendendo. Ficamos muito interessados em comprar, mas não cabia na nossa realidade. Agora, como estou desempregado, adiamos ainda mais esse sonho, e não temos previsão. Mas é uma prioridade sair do aluguel no futuro, para onde vai boa parte da nossa renda — conta.
Morar em uma casa ou apartamento que está sendo financiado costuma ser mais frequente na faixa dos 35 a 39 anos, revelam dados da pesquisa. Cerca de 13,5% da população nessa faixa etária morava, em 2022, em residências que ainda estavam sendo quitadas.
Composição
A pesquisa também revela que os lares alugados, frequentemente, têm famílias compostas por um ou dois adultos e, em muitos casos, uma criança. Entre os domicílios alugados, 38,5% têm uma pessoa de 15 anos ou mais e ao menos uma criança de 0 a 14 anos. Outros 27,8% são formados por pessoas que moram sozinhas.
Já 25,9% das casas alugadas têm duas pessoas de 15 anos ou mais e ao menos uma criança (de 0 a 14 anos). Outros 21,6% são compostos por duas pessoas, sem crianças. Uma minoria de 17,6% das residências alugadas possui três ou mais pessoas e ao menos uma criança, enquanto 13,8% são formadas por três ou mais adultos sem crianças.
"Arranjos domiciliares monoparentais (tipicamente femininos) e unipessoais residem em maior proporção em domicílios alugados", apontou o instituto, na publicação.
Apartamentos menores
Apartamentos menores são também uma tendência identificada nos dados do Censo 2022. Segundo o IBGE, enquanto houve uma forte redução dos domicílios com até três cômodos — do tipo quarto/sala, cozinha e banheiro —, houve um aumento de casas com até cinco cômodos.
Acontece que, ao mesmo tempo, as casas com seis cômodos ou mais cresceram dos anos 1970 até 2000 e se mantiveram estáveis nos Censos de 2010 e 2022.
— O número de moradores por domicílio se reduziu bastante ao longo das décadas. A demanda por grandes domicílios, com grandes cômodos, possivelmente arrefeceu — afirma Bruno Mandelli Perez, analista do IBGE.
Condições melhoraram
Apesar da queda no número de pessoas possuindo a casa própria, as condições de moradia melhoraram ao longo dos anos. Há mais brasileiros morando em casas com revestimento — sejam elas feitas com tijolo ou taipa —, percentual que subiu de 79% para 87% no intervalo de doze anos.
Além da qualidade, os brasileiros estão vivendo em casas maiores. O Censo também revelou que a maioria dos brasileiros (73,6%) vive em casas com cinco a nove cômodos, incluindo banheiro e cozinha. Ainda há uma parcela menor da população (5,9%) que reside em casas bem mais espaçosas, com dez cômodos ou mais.
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