Filantropia: quais são os empresários mais generosos do setor imobiliário

em Veja, 19/dezembro

Brasil ainda não tem uma cultura forte de doações.

Com a chegada do Natal e do fim do ano, há muitas boas ações acontecendo. O mercado imobiliário também tem histórias interessantes que combinam com o espírito dessa época e que são inspiradoras. Com seus pensamentos altruístas e voltados para o coletivo, dois empresários do setor de destacam nesse quesito, fazendo a diferença nos locais onde seus empreendimentos são construídos.

O maior nome do mercado imobiliário ligado à filantropia e caridade é, sem dúvida, o bilionário Elie Horn, da Cyrela, uma das maiores incorporadoras do Brasil, com diversas empresas no grupo atuando em diferentes segmentos, desde o econômico ao luxo. Aos 80 anos, Elie decidiu doar 60% de seu patrimônio para os menos afortunados. Esse compromisso com o social está diretamente relacionado à sua religiosidade. Ele próprio brinca com isso, dizendo o seguinte: “Deus é meu sócio e, se ele quer que faça caridade, preciso ganhar dinheiro”.

Nascido na Síria numa família judaica, o fundador da Cyrela sempre levou a sério os preceitos da religião, dedicando-se a promover suas tradições — entre elas, o compromisso moral de fazer caridade. Em hebraico, o conceito de caridade é expressado pela palavra “tzedaká”, que significa justiça. Ou seja, na tradição judaica, doar algo ou alimentar quem necessita de comida não é um ato de caridade, é um ato de justiça.

Elie Horn leva essa tradição a sério, chegando ao ponto de se transformar numa espécie de missionário entre o empresariado. Ele atua junto a essas pessoas para convertê-las à causa da “tzedaká” — e tem se mostrado muito convincente nessa pregação. Entre outras façanhas, o dono da Cyrela reuniu 25 empresários, entre eles, Fabio Barbosa, CEO da Natura, e Guilherme Benchimol, da XP, com o objetivo de criar o projeto Think Tank do Bem para promover iniciativas positivas em diferentes frentes. “O bem é algo que dá sentido a tudo que você faz de bom. Enquanto tiver cabeça, saúde e recursos, eu quero fazer o bem até o fim da minha vida, até os últimos dias”, costuma dizer Elie Horn.

Outro exemplo de empresário com a cabeça voltada a fazer o bem é o jovem mineiro Alex Sales, da construtora Alumbra. Ele nasceu em Santa Catarina, mas está com empreendimentos também em outros estados como Rio Grande do Sul, Mato Grosso, e Paraná. Quem vê hoje o bem sucedido executivo circulando de avião particular não imagina o tamanha da caminha que ele percorreu até chegar a esse patamar. Sem dinheiro no bolso, ele chegou a viver nas praias de Pernambuco pescando sua refeição do dia para sobreviver.

Talvez em respeito à memoria de sua luta pessoal para escapar da pobreza, ele decidiu criar com um investimento de R$ 25 milhões a Fundação Vislumbra, para a qual destina parte do faturamento dos empreendimentos da Alumbra. O dinheiro é destinado à construção de casas populares para famílias em situação de vulnerabilidade nas cidades nas quais a Alumbra atua. Até 2030 o objetivo é doar 250 casas. As dez primeiras unidades estão previstas para serem entregues ainda em dezembro na cidade de Porto Belo, Santa Catarina. “O propósito de construir casas para a população carente surgiu antes mesmo do nascimento da construtora. Quero dar oportunidade para as famílias poderem ter sua residência e poderem ter tranquilidade para realizar seus sonhos e projetos, como eu tive.”, justifica Alex Sales.

Muito importante que o mercado imobiliário valorize e estimule iniciativas como desses empresários como forma de compensar a sociedade pelos impactos causados no entorno com o desenvolvimento de empreendimentos. Que essas histórias inspirem todos os empresários do setor no Brasil, um país no qual a cultura da filantropia ainda está engatinhando.


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