Luxo com discrição e integração à natureza
em Valor Econômico, 20/dezembro
Novo modelo de condomínios horizontais de alto padrão no Rio é associado ao ‘quiet luxury’, tendência surgida no mercado de moda, que valoriza a elegância sem ostentação.
Uma série de empreendimentos de casas de luxo no Rio de Janeiro espelha uma tendência que vem se fortalecendo desde a experiência do isolamento imposto pela pandemia: residências de luxo que primam por valorizar temas como qualidade de vida, sustentabilidade e integração com a natureza.
Um negócio de R$ 220 milhões, que envolveu a aquisição da casa mais cara do Brasil pela Mozak, ratifica esse movimento em busca do luxo com discrição. A mansão do Jardim Pernambuco, área nobre do Leblon, fica em um terreno de 11 mil metros quadrados, em que serão construídas oito residências com projetos diferentes, que buscam refletir esse novo conceito de morar e viver bem — todas elas terão vista para o mar e a mata nativa.
“As pessoas não querem apenas mais uma casa bonita para ostentar e mostrar aos amigos. Depois do confinamento, elas passaram a procurar moradias que traduzam felicidade e um modo de viver exclusivo, mas consciente e íntimo para suas famílias”, diz Isaac Elehep, presidente da Mozak. “Está em alta a chamada ‘arquitetura com humanismo’, um estilo diferente de moradias de luxo”, define.
No mesmo Jardim Pernambuco, a Opy Soluções Urbanas está lançando o Opy Apó, conjunto de quatro casas de alto padrão e arquitetura autoral — cada uma com 650 metros quadrados, em média, que custam cerca de R$ 24 milhões —, que segue pensamento e conceito semelhantes, reforçando a tendência de ressignificação da moradia. “É uma arquitetura que valoriza a paisagem na qual está inserida e prioriza o bem-viver”, diz Sérgio Conde Caldas, sócio da empresa ao lado dos arquitetos João Sousa Machado e Miguel Pinto Guimarães.
Não é a primeira aposta da Opy em direção à tendência. A empresa já entregou o Opy Ará, também no Jardim Botânico, com quatro casas de arquitetura contemporânea, materiais e design brasileiros, respeito aos valores de sustentabilidade e, principalmente, mais espaço livre e áreas verdes. Hoje, a construtora trabalha em mais um projeto com o mesmo conceito: o Opy Ubá, condomínio de 14 casas na Gávea, também na Zona Sul, que será lançado em 2025.
Na Barra da Tijuca, bairro que se destaca na cidade por dispor de amplos terrenos para abrigar grandes projetos —, a incorporadora Origem trabalha no lançamento do Amanay Residências, condomínio de 20 casas de luxo, de 536 a 615 metros quadrados, que tem a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente em sua essência.
O projeto tem assinatura do arquiteto Duda Porto, paisagismo do escritório Burle Marx e conceito artístico de Isabela Santoni e Betto Gatti. Amanay é um neologismo inspirado na palavra Aman, que em libanês significa conforto, segurança e presença. Cada residência custa a partir de R$ 7,5 milhões, e o VGV é R$ 150 milhões.
As construções seguirão a linha da biofilia, com jardins que se destacam e emolduram os ambientes. “Cada casa tem uma abordagem holística para proporcionar mais saúde física e mental. Essa é a maior tendência do morar bem”, diz o CEO da Origem, Henrique Blecher, que retorna ao mercado imobiliário dois anos depois de ter vendido a Bait para a Gafisa.
O novo modelo de condomínios de casas de alto padrão é associado ao “quiet luxury”, uma linha surgida no mercado de moda que valoriza a elegância com discrição e sem exibicionismo, e um modo de produção mais artesanal e autoral. Na visão de arquitetos, essa tendência deve se espalhar naturalmente aos lançamentos de outros segmentos do mercado imobiliário. “Construir bonito e construir feio custa o mesmo”, diz Miguel Pinto Guimarães.
Uma pesquisa da Brain Inteligência Estratégica feita no início deste ano referenda esse movimento: 20% dos brasileiros que tinham a intenção de comprar um imóvel nos 24 meses seguintes ao levantamento (41%) desejavam adquirir uma casa em condomínio. Qualidade de vida acima de tudo!
Por dentro do mercado
Ayla Moema ganha prêmio internacional
O Ayla Moema, projetado pelo escritório MCAA Arquitetos, venceu o prêmio World Design Awards, promovido pela The Architecture Community, principal plataforma internacional de prêmios de arquitetura, na categoria Habitação Construída. O residencial da Tegra fica na Rua Alameda Iraé, em Moema, Zona Sul da capital paulista. O projeto reuniu dez arquitetos liderados por Felipe Chieus Rossi.
Praça Higienópolis terá a torre mais alta da região
Higienópolis vai ganhar um empreendimento icônico: o Praça Higienópolis, com uma torre residencial de 135 metros de altura, a mais alta da região, e outra de apartamentos de um dormitório e entrada independente, focada em investidores. O valor geral de vendas (VGV) potencial é de R$ 460 milhões. O empreendimento é idealizado por SKR, Paulo Mauro e Portofino MultiFamily Office.
Curitiba ganha primeiro prédio da Artefacto
A Artefacto e a Swell Construções se uniram para lançar o primeiro projeto imobiliário da marca de móveis de luxo em Curitiba (PR): o Jardins Artefacto by Swell, no Alto das Mercês. Com oito mil metros quadrados, as três torres projetadas pela Baggio Schiavon e pela FN Arquitetura destacam-se pela decoração assinada por Artefacto e pela preservação ambiental: metade do terreno será mantida com mata original.
Ver online: Valor Econômico